domingo, 15 de março de 2009

Estudo Sobre Maria - 4º Parte - Final

A Linhagem Filial de Maria

Quanto à linhagem de nascimento de Maria, a Bíblia não esclarece diretamente, mas faz menção à sua parentela nos dois eventos principais da vinda de Jesus:

1º) A primeira relação de parentesco com Maria, mencionada na Bíblia, foi citada pelo anjo Gabriel quando da anunciação (Lc 1.36), e diz respeito a Isabel, mãe de João Batista, sendo que alguns tradutores a chamam de "prima" de Maria, e outros de "parente", sem mencionar a que grau.

Esta declaração nos leva a compreender que nas veias de Maria, também corria sangue levita, uma vez que Isabel, sua parente, era descendente de Arão (Lc 1.5), e também casada com um sacerdote dos filhos de Arão (Lc 1.8,9; compare com Nm 16.40).

Tal entendimento fica corroborado, no fato de Maria haver permanecido quase três meses na casa de Isabel (Lc 1.39,40,56). Isto significa que realmente havia um parentesco bem próximo entre ambas, e pela linhagem levita, uma vez que o pão servido nas casas dos sacerdotes era produto dos dízimos (Nm 18.23,24,31), e segundo a Lei, só os membros da sua família poderiam comer dele. Nenhum estranho poderia (Lv 22.10,11,13).

Os filhos de Arão pertenciam à tribo de Levi pela descendência paterna, mas também tinham o sangue de Judá em suas veias, por parte de Eliseba, esposa de Arão (Ex 6.23). Ela pertencia à tribo de Judá, pois era filha de Aminadabe e irmã de Naassom, o Príncipe dos filhos de Judá (Ex 6.23; compare com Nm 1.7; 2.3; 1 Cr 2.l0,ll), o qual deu início à Genealogia da família real Davídica (Rt 4.19-22).

Vemos nisto a providência do Altíssimo que no seu zelo e infinita sabedoria, unificou os sangues das duas famílias que Ele separou para servi-lo, pois sobre Arão repousava a primazia do sacerdócio (Ex 40.15; 25.13;Nm 3.10; Nm 16.40), e sobre Davi a primazia do reino político (Sl 78.70-72; Jr 33.25,26).

Desta maneira, tendo Maria laços de sangue com os filhos de Arão, tinha consequentemente laços de sangue também com os filhos de Judá, em razão da herança deixada por Eliseba, esposa de Arão. E assim, o fruto do seu ventre já trazia na sua carne o direito natural de herança sobre o sacerdócio e sobre o reino Davídico.

2º) A segunda relação de parentesco com Maria, mencionada na Bíblia, é narrada por João no relato sobre a crucificação: Jo 19.25 - "E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria de Cleofas, e Maria Madalena".

O versículo acima, por si só, tem trazido uma certa dificuldade de interpretação, devido à própria construção da frase, que deixa dúvida se a irmã de Maria seria Maria de Cleofas, ou se seria uma outra pessoa cujo nome não está mencionado no texto.

Por isto fizemos um estudo comparativo junto aos Evangelhos, na tentativa de identificarmos as mulheres que realmente estavam junto à cruz:

Mateus e Marcos citam o nome de três:

Segundo Mateus, estiveram presentes à crucificação: Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago e de José; e a mãe dos filho de Zebedeu (Mt 27.56).

Marcos citou: Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José; e Salomé (Mc 15.40).

Fazendo um paralelo entre as duas narrativas, e considerando que se tratavam das mesmas pessoas, podemos identificá-las da seguinte forma:

Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José; e Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu.

Temos então duas Marias, e Salomé. E Mateus deixa claro o entendimento de que, dentre as pessoas ligadas ao Senhor, haviam apenas duas mulheres com o nome de Maria, que estiveram presentes na crucificação, e como testemunhas da ressurreição (Mt 27.56, 61 e 28.l).

No relato de João, conforme já vimos (Jo 19.25), consta a mãe de Jesus, além de duas Marias, e mais uma irmã da mãe de Jesus. Portanto, aqui também temos duas Marias (além da mãe de Jesus, cujo nome não aparece), sendo que uma delas é Maria Madalena, que é citada nos três Evangelhos.

Infere-se daí que a outra Maria é a mãe de Tiago o menor, e de José, segundo Mateus e Marcos, a qual , no Evangelho de João é chamada de Maria de Cleofas.

Como entre os apóstolos existem dois Tiagos, sendo um deles, irmão de João e filho de Zebedeu, e o outro, filho de Alfeu, e como no paralelo feito entre Mateus e Marcos, Tiago o menor, não é o filho de Zebedeu, podemos deduzir que ele seria o filho de Alfeu.

Temos daí que, Maria, mãe de Tiago o menor, e de José, é a esposa de Alfeu, que no Evangelho segundo João, recebe o nome de Maria de Cleofas, razão porque alguns eruditos imaginam que os nomes Alfeu e Cleofas, são apelativos do mesmo nome, ou seja, são a mesma pessoa; enquanto outros imaginam que Cleofas seria o sogro de Alfeu, isto é, o pai de Maria, mãe de Tiago o menor e de José.

De uma forma ou de outra, o que importa é que já podemos identificar as duas Marias citadas em João: uma é Maria Madalena, e a outra é Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, esposa de Alfeu ou Cleofas.

Assim sendo, das quatro mulheres que se encontravam próximas à cruz, uma era a mãe de Jesus, outra era Maria Madalena , e outra, Maria de Cleofas. Resta apenas identificarmos aquela citada por João, como sendo a irmã da mãe de Jesus. Alguns eruditos entendem que João menciona apenas três mulheres, pois acham que a irmã da mãe de Jesus e Maria de Cleofas, sejam a mesma pessoa. Entretanto, como Mateus e Marcos citam três mulheres, não há razão para não crermos que as três se juntaram à mãe de Jesus e tenham se aproximado da cruz juntamente com João.

Desta maneira, considerando que as três mulheres mencionadas por João, são as mesmas citadas por Mateus e por Marcos, podemos afirmar que a irmã da mãe de Jesus era Salomé, a mãe dos filhos de Zebedeu (Tiago e João).

Desta forma, podemos afirmar ainda, que João e Tiago eram primos de Jesus. E deve ter sido exatamente por causa do vínculo familiar, que a mãe deles achou-se no direito de pedir a Jesus que os seus filhos se sentassem um à direita e outro à esquerda do seu trono, no reino (Mt 20.20-28; Mc 10.32-45). E deve ter sido também , pela mesma razão do parentesco que Jesus entregou a João a responsabilidade de cuidar de Maria, após a sua morte, uma vez que os irmãos de Jesus ainda não criam nele (Jo 7.5), muito embora, após a sua ressurreição passaram a crer e se integraram na obra (At 1.14).

É interessante observar que João é o único evangelista que cita a audiência de Jesus com Anás, antigo sumo sacerdote, e menciona um discípulo que não diz o nome, o qual era conhecido do sumo sacerdote e por isto teve acesso à sua sala, durante o interrogatório (Jo 18.13-15).

Quem era aquele discípulo, e de onde o conhecimento com o sumo sacerdote?

Pela riqueza de detalhes com que João narra os acontecimentos ocorridos dentro da sala (Jo 18.19-24), e considerando que nenhum outro evangelista narra esse episódio, só podemos imaginar que o discípulo em questão era o próprio João.

E uma vez que entendemos ser ele primo de Jesus, e que a mãe de Jesus era parente de Isabel que por sua vez pertencia à família sacerdotal, podemos imaginar que ele também tivesse algum parentesco com o sumo sacerdote, apesar de ser um simples pescador da Galiléia.
v Portanto, tudo vem fortalecer o entendimento de que Maria e sua parentela, tinham sangue levita, e nesta hipótese, também tinham sangue judeu, em virtude do casamento de Arão com a judia Eliseba.

Entretanto, este é um lado da herança de sangue de Maria. Não sabemos se do lado paterno ou materno. Mas o que sabemos é suficiente para entendermos que Jesus tinha sangue judeu da parte de Maria, e era legalmente judeu da parte de José, cumprindo assim as profecias de que o Messias viria da tribo de Judá. Mas ao mesmo tempo, a herança genética de Arão dava-lhe o direito perante o Altíssimo, em virtude do rigor da sua palavra, de ser o nosso Sumo Sacerdote.

Contudo, tudo isto vinha apenas preencher as formalidades humanas, porque Jesus era superior a tudo, porquanto era o Filho de Deus, eterno, anterior a Maria (Jo 3.13; Hb 7.3); anterior a Davi (At 2.34,35); anterior a Abraão (Jo 8.58). E é por isto que o autor da Epístola aos Hebreus pôde dizer:

Hb 6.17 -"Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento;" .18 - "Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que minta, tenhamos a firma consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;"

.19 - "A qual temos como âncora da alma segura e firme, e que penetra até ao interior do véu,"

.20 - "Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque"

Hb 7.l -"Porque este Melquisedeque, que era rei de Salem, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou;"

.2 - "À quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salem, que é rei de paz;"

.3 - "Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre."


Fonte: www.adcandel.com.br

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