Israel é o principal assunto da Bíblia, ocupando a maior parte de suas páginas. As muitas profecias referentes ao seu passado, presente e futuro são vitais para a compreensão da Palavra de Deus. Infelizmente, elas são ignoradas, anuladas por “explicações teológicas” ou simplesmente rejeitadas pela vasta maioria dos cristãos professos, grande parte dos quais insiste que Israel foi substituído pela Igreja.
Contudo, Jeremias declara que Israel jamais deixará “de ser uma nação” (Jeremias 31.35-37). Paulo, em apenas um sermão, refere-se três vezes a Israel como uma entidade ininterrupta (Atos 13.17,23,24). Sobre as doze portas da Jerusalém celestial estão escritos os nomes das “doze tribos dos filhos de Israel ” (Apocalipse 21.12) – portanto, as dez tribos não se perderam, de modo algum! Juntem-se a isso os nomes dos “doze apóstolos do Cordeiro”, nos fundamentos da cidade (Apocalipse 21.14). Ignorando isso, a “teologia da substituição” é uma das várias doutrinas católicas romanas adotadas por Lutero, Calvino e outros grandes reformadores, sendo aceita por muitos como teologia da Reforma.
Jesus Cristo, o Salvador e Redentor de todos os que nEle crêem, é, sem dúvida, o assunto mais importante das Escrituras – contudo, sem Israel , não existiria um Salvador. Jesus é um judeu, descendente de Abraão, Isaque e Jacó, através do rei Davi, o que Lhe dá o direito de governar Israel e o mundo. Ele nasceu em Israel , ali viveu todos os seus dias terrenos e (com algumas exceções) ministrou exclusivamente aos judeus, conforme Mateus 15.24: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel ”. Ele ordenou aos Seus discípulos: “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel ” (Mateus 10.5-6). Após a Cruz e a Ressurreição, porém, Ele ordenou: “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28.19 e Marcos 16.15). Mesmo assim, o Evangelho continua sendo “primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1.16).
Em outros artigos, temos visto que a inacreditável vastidão do espaço torna impossível a penetração das fronteiras do Cosmo, quer seja por naves ou pelo rádio. Como é assombroso, portanto, que o Criador tenha escolhido um minúsculo planeta e uma pequena cidade do mesmo para ser permanentemente o centro do Universo! Ignorando milhares de cidades maiores, com belezas e recursos naturais superiores, Deus escolheu Jerusalém, dizendo: “[nela] porei o meu nome para sempre” (2 Reis 21.7 e 2 Crônicas 33.7).
Deus declarou que nos últimos dias Ele faria de Jerusalém “uma pedra pesada para todos os povos” (Zacarias 12.3). Para que isso se tornasse realidade, deveria existir uma organização mundial. A ONU foi formada em 1945, a tempo de votar que Israel voltasse à existência, após 1.800 anos de destruição e dispersão. E Jerusalém tornou-se um peso tão grande que a ONU tem gasto um terço do seu tempo debatendo e condenando Israel , uma nação minúscula que representa apenas 1/1.000 da população mundial. Finalmente, a III Guerra Mundial será travada por causa de Jerusalém, quando os exércitos do Anticristo buscarem frustrar os planos de Deus para Israel , na tentativa de completar a última “solução final do problema judeu” de Hitler, com a destruição de Israel e de todos os judeus do mundo inteiro.
Duas vezes na Bíblia Jerusalém é chamada “cidade do nosso Deus” (Salmo 48.1,8); duas vezes, “cidade de Deus” (Salmo 46.4 e Salmo 87.3); oito vezes, “santa cidade” ou “cidade santa” (Neemias 11.1; Isaías 48.2; Isaías 52.1; Mateus 4.5; etc.). Deus decretou que jamais existirá uma cidade igual a Jerusalém! Ela é mencionada 811 vezes na Bíblia e nenhuma vez no Corão, revelando a mentira de que Jerusalém sempre foi sagrada para os muçulmanos. Somente após o renascimento de Israel como nação, essa falsa alegação foi inventada para justificar os ataques islâmicos contra Israel como uma “potência ocupadora”. Os EUA, a ONU, a União Européia (UE) e outros países aceitam essa mentira como base para uma “paz” que pretendem impingir a Israel com os vizinhos muçulmanos, os quais estão determinados a destruir o Estado judeu.
Toda a história de Jerusalém, inclusive sua destruição (em 70 d.C.) e sua restauração “nos últimos dias”, foi predita pelos profetas hebreus e por Jesus Cristo: “Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mateus 24.2) –“...esta cidade será reedificada... Jerusalém jamais será desarraigada ou destruída” (Jeremias 31.38-40). Ainda em processo de realização, em face da ferrenha oposição do mundo e de Satanás, a caminhada rumo ao cumprimento das profecias de restauração (nenhuma delas podendo ser aplicada à Igreja) é a maior prova que Deus dá de Sua existência e de que a Bíblia é a Sua Palavra infalível – uma prova vital que a “teologia da substituição” rejeita.
Que os cristãos queiram negar os propósitos divinos para Israel é algo além da possibilidade de compreensão. Igualmente inacreditável é que, através da história, Israel tenha rejeitado o Senhor Deus e as bênçãos que Ele lhe daria. Essa rebelião tem persistido, apesar das espetaculares demonstrações do poder e da proteção de Deus: a divisão do Mar Vermelho; a direção através de uma coluna de fogo à noite e uma nuvem de dia; a água brotando da rocha; o maná fresco diário; o fato de escutarem Deus falando com voz audível; a queda dos muros de Jericó, a miraculosa derrota dos exércitos muito superiores ao seu próprio exército, etc.
Essa indesculpável descrença continua ainda hoje por parte da maioria dos judeus, no mundo inteiro, bem como também na Igreja. A vasta maioria dos judeus continua rejeitando Cristo como o seu Messias, apesar do cumprimento de centenas de profecias, as quais comprovam a Sua identidade messiânica, além de qualquer disputa. Conforme predisseram os seus próprios profetas, o Messias veio e tem sido rejeitado pelo Seu povo e pelo mundo. Além do mais, eles se juntam aos heréticos teólogos da substituição, recusando-se a reconhecer a mão de Deus em preservar os judeus como um povo étnico identificável, e em levá-los de volta à sua terra, após 2.500 anos de dispersão.
Nada pode exemplificar melhor o apaixonado desejo divino de abençoar Israel e sua determinada rejeição dEle e das bênçãos que deseja outorgar-lhe, do que o angustioso lamento de Cristo sobre Jerusalém. Contemplando a cidade de Deus do Monte das Oliveiras, Jesus chorou sobre ela: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Lucas 13.34).
O Novo Testamento registra apenas um exemplo de Cristo chorando sobre Jerusalém. Então, como pôde Ele dizer que havia chorado sobre Jerusalém vezes sem conta? Obviamente, Ele estava afirmando ser o Deus de Israel, o qual tinha enviado continuamente os Seus profetas: “...começando de madrugada, vos enviou o SENHOR todos os seus servos, os profetas... Todavia, não me destes ouvidos, diz o SENHOR...” (Jeremias 25.3-7).
Quanto à teologia da substituição: sim, existem muitas semelhanças entre Israel e a Igreja: ambos são chamadas povo “eleito” de Deus (Isaías 45.4; Mateus 24.31; 1 Pedro 1.2); ambos são chamadas povo “peculiar” separado do mundo (Levítico 20.24-26; Deuteronômio 14.2; Tito 2.14; 1 Pedro 2.9); ambos seriam odiados e perseguidos pelo mundo (até a morte) (Salmo 119.161; Salmo 143.3; Mateus 24.9; João 15.20; João 17.14); ambos seriam chamados à santidade (Levítico 20.7; 1 Pedro 1.15).
Existem, contudo, muitas diferenças: a Israel são prometidos um país e uma cidade nesta terra; à Igreja é prometido um lar no céu. Israel será governado por Cristo; a Igreja governará Israel e o mundo junto com Ele. Dois terços de todos os judeus na terra serão mortos sob o Anticristo; a Igreja não estará na terra nesse tempo, pois será unida a Cristo nas bodas realizadas no céu (Apocalipse 19.7-8). Israel reconhecerá Cristo pela primeira vez no tempo de Sua Segunda Vinda; a Igreja chegará do céu com Ele, em triunfo (Zacarias 14.4-5 e Judas 14), como Sua noiva, para nunca mais deixá-lO.
Israel tem permanecido quase sempre em total descrença, até mesmo nos dias de Moisés (Salmo 81.8-13), enquanto a Igreja foi fiel no princípio e cairá na apostasia somente “nos últimos dias” (Atos 20.29-30 e 2 Tessalonicenses 2.3). Apesar da queixa de que os israelitas não merecem estar na terra de Israel por causa de sua rebeldia e rejeição a Cristo, sua descrença não é pior hoje do que no princípio, quando Deus trouxe o Seu povo à terra, sob o comando de Josué. A caminho da Terra Prometida, Israel se rebelou constantemente e adorou os ídolos, até mesmo sob Moisés.
Israel abandonará a apostasia, em completa transformação e restauração nesta terra (Ezequiel 36-37), enquanto a Igreja mergulhará cada vez mais na apostasia, até a hora do Arrebatamento (Atos 20.29-31; 2 Tessalonicenses 2.3; Judas 3-4) e somente será aperfeiçoada no céu. Israel já tem resvalado desde o princípio; a Igreja começou bem, mas está em processo de queda, à medida em que vai aumentando a apostasia, nos últimos dias. Em minhas recentes reuniões, em muitos lugares através da Inglaterra, uma grande porcentagem dos que as assistiam havia fugido de igrejas apóstatas.
Assim como Israel, com a idolatria, adotava deuses das nações ao seu redor, também a Igreja, através do crescente Movimento Ecumênico, tem abraçado falsas doutrinas. Os ingleses, cujos antepassados permaneceram firmes contra as hediondas heresias de Roma, apesar do fogo e da espada, agora se vangloriam de sua união com a prostituta da Babilônia. Enquanto estive na Inglaterra, pensei constantemente em Hugh Latimer e Nicolas Ridley, os quais, em 1555, foram amarrados à mesma estaca, em Oxford, por terem se recusado a aceitar a suposta “transubstanciação” da hóstia no corpo literal de Cristo. À medida em que cresciam as chamas, Latimer exclamava: “Fique confortado, mestre Ridley, e seja corajoso. Hoje, pela graça de Deus, vamos brilhar como uma candeia na Inglaterra, a qual confio que jamais será apagada”. Tragicamente, [hoje] essa chama é quase invisível. A Reforma do século 16, que transformou a Inglaterra e a Europa, é agora repudiada pela vasta maioria dos cristãos e líderes eclesiásticos.
Billy Graham diz que suas crenças são basicamente as mesmas dos católicos romanos ortodoxos. Ele afirma que a missa é o “evangelho correto e legítimo” e se vangloria de que a Igreja Católica Romana lhe deu as boas-vindas, em toda parte onde foi. Chuck Colson, um arquiteto do ECT (Evangélicos e Católicos Juntos), defende a união com Roma e assiste à missa em companhia de sua esposa católica romana. Rick Warrren, James Dobson e outros que conhecem tão bem o Evangelho, trabalham com os católicos, enquanto suas igrejas deixam de admoestar que o Catolicismo é um caminho rumo ao inferno.
Como eu gostaria de ver esses homens visitando Lourdes, na França (onde minha esposa Ruth e eu estivemos há algum tempo), sem ficar mortificados no espírito e afligidos em suas consciências. Nossos corações ficaram abalados por causa das milhares de pobres pessoas iludidas que chegam a Lourdes, diariamente, em fluxos contínuos, muitas delas em cadeiras de rodas ou sobre muletas. À medida que a enorme fila se movimenta vagarosamente pela gruta, onde “Maria” apareceu a Bernadete, em 1858, muitas mãos se levantam para acariciar as paredes, esperando cura e bênção. Alguns ficam recitando baixinho, em suspiros, a “Oração a Nossa Senhora de Lourdes”: “Ó Virgem Maria, Mãe de Misericórdia, vós sois o refúgio dos pecadores, a saúde dos enfermos e o conforto dos aflitos... Pela vossa aparição na Gruta de Lourdes, vós a transformastes num privilegiado santuário, onde vossos favores são dados ao povo que a ele acorre, do mundo inteiro... Então, venho até vós, com ilimitada confiança... Atendei, ó Mãe amorosa, minhas petições...”. Mãe de Misericórdia... Refúgio dos pecadores... Vossa glória...? Quanta blasfêmia!
Essa “Maria” católica é a figura dominante em toda parte para onde nos voltamos em Lourdes. Jesus só aparece como um bebê em seus braços (até mesmo no céu), pendurado na cruz ou morto em seu regaço, aos pés da cruz. Na catedral principal, por trás do altar, está pendurada uma enorme “Maria”, com estas palavras: “A Jesus por Maria”. Jesus é reconhecido como Mediador com Deus, porém “Maria” seria o único caminho para Jesus! Não se vê qualquer exaltação a Jesus. Sobre as centenas de pedras com as quais a catedral foi construída, encontram-se gravados louvores e orações a “Maria”.
Multidões de almas iludidas, carregando velas de todos os tamanhos (adquiridas na vizinhança, a preços variados), andam, depois de passarem pela gruta, em duas fileiras para o local onde as velas devem ser colocadas, acendendo umas nas outras, as quais se juntam numa fogueira contínua. Milhares dessas velas queimam simultaneamente, dia e noite, com a cera líquida escorrendo para caixas de metal, as quais são substituídas várias vezes por dia, sendo levadas de volta à fábrica, a fim de serem recicladas em muitas outras velas, para renderem mais dinheiro à igreja. Em cada seção, por sobre as velas, estão escritas estas palavras, em várias línguas: “Esta luz prolonga a minha oração”.
Os devotos seguidores de “Maria” podem ainda encomendar missas pagas a serem rezadas na “intenção” de alguém, em qualquer parte do mundo. Fora da área delimitada, as ruas da cidade são margeadas por lojas, cujas caixas registradoras estão continuamente tilintando com as vendas de indulgências, crucifixos e todos os tipos de materiais sagrados que a igreja tenha imaginado como veículos das bênçãos da “Virgem”, cada um a seu preço. Entre os mais vendidos estão as garrafas plásticas de variados tamanhos, com a figura da “Virgem Maria”, nas quais será colocada a água da fonte sagrada.
A apostasia de Israel, inclusive a adoração aos ídolos, não era pior do que as práticas de Roma, às quais os evangélicos têm aderido, na parceria ecumênica. O mundo inteiro, e também a Igreja, encontra-se em rebelião contra Deus. A prova dessa rebelião é vista em toda parte.
Em um cemitério da Normandia, fiquei de coração partido ao ver as fileiras de mais de 9.000 cruzes de mármore branco, marcando os túmulos dos homens que morreram na invasão de junho de 1944, a qual libertou a Europa. Cada marco traz o nome, a patente, a corporação e a data da morte do soldado. Incapaz de suportar tanto horror, comecei a soluçar incontrolavelmente, com o coração pesado, indagando: “Senhor, por que fizeste o homem? Tu sabias todo o mal que disso resultaria. O que significam essas cruzes? Quantos desses homens criam em Cristo, que morreu pelos pecados deles?”
Aqui e ali se encontrava uma estrela de Davi, em mármore branco. Um número surpreendente dessas lápides não tinha nomes, mas apenas a explicação: “Aqui jaz em honorável glória um camarada de armas, conhecido apenas por Deus”. Pensei em tantos que não estavam descansando, mas em eterna agonia, nas chamas do inferno. E novamente, com o peito sufocado, soluçando irreprimivelmente, sussurrei, vezes sem conta: “Senhor, por quê?”
Eu sabia que Deus criou o homem para outorgar amor e bênção sobre ele. Este mundo mau de hoje não é o que Deus criou e Ele não pode ser culpado disso. Este é o mundo feito pelo homem, em desafio ao Deus Criador, tentando agir como sendo o seu próprio Deus.
Meus soluços foram apenas um eco do próprio coração de Deus – que deveria tocar os nossos. O Pai sofre por este mundo, quer seja pela rejeição de muitos séculos do Seu amor pelos escolhidos, os judeus, ou pela apostasia da igreja “cristã” de hoje, ou pelos perdidos que torcem os seus narizes diante de Sua oferta de perdão e vida eterna em Sua presença.
Oremos para que um verdadeiro arrependimento ainda alcance a Igreja e o mundo, a fim de alegrar o coração do Pai, e que Cristo possa ver “o fruto do penoso trabalho de sua alma” (Isaías 53.11) e ficar satisfeito.
Escutamos o lamento ininterrupto: “Jerusalém, Jerusalém!”, ecoando através dos séculos, apesar dos judeus e dos gentios terem crucificado o Messias nessa cidade. Agora Ele chora pelo mundo inteiro. Que nós, como enviados de Sua compaixão, façamos todo o possível para resgatar tantos quantos pudermos, antes que seja, para sempre, tarde demais! (Dave Hunt - TBC - http://www.beth-shalom.com.br)
Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, novembro de 2007.
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