Traduzido e adaptado por Wagner Kaba
Neste texto, o filósofo cristão Dr. William Lane Craig apresenta o argumento da contingência para demonstrar a existência de Deus.
Dr. Craig possui doutorados pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e pela Universidade de Munique, na Alemanha.
Pergunta
Dr. Craig,
Eu quero dizer que sou a favor do Argumento Cosmológico de Kalam. Mas, eu estava pensando sobre qual seria sua opinião sobre o argumento cosmológico do ser contingente?
William
Resposta do Dr. Craig
Eu defendi brevemente o argumento cosmológico do ser contingente no livro “Filosofia e Cosmovisão Cristã” (Editora Vida Nova, 2005) e planejo expandir meu tratamento na terceira edição de “A Veracidade da Fé Cristã” (Editora Vida Nova, 2004).
Existem três premissas no argumento:
1. Tudo o que existe tem uma explicação para sua existência (tanto na necessidade de sua própria natureza como em uma causa exterior).
2. Se o universo tem uma explicação para a sua existência, esta explicação é Deus.
3. O universo existe.
Agora, o que segue logicamente destas três premissas?
De 1 e 3 segue logicamente que:
4. O universo tem uma explicação para sua existência.
5. Portanto, a explicação para a existência do universo é Deus.
Este é um argumento sólido. Se o ateu quer negar a conclusão, ele tem que dizer que uma das três premissas é falsa.
Mas qual ele irá rejeitar? A premissa três é inegável para qualquer pessoa que procure sinceramente a verdade. Então o ateu tem que negar a 1 ou a 2 se ele quer continuar ateu e ser racional. Então toda questão se resume a isto: as premissas 1 e 2 são verdadeiras, ou são falsas? Bom, vamos olhar para elas.
De acordo com a premissa 1, existem dois tipos de coisas: (a) coisas que existem necessariamente e (b) coisas que existem contigentemente. Coisas que existem necessariamente existem por uma necessidade de sua própria natureza. Muitos matemáticos pensam que números, conjuntos e outras entidades matemáticas existem desta maneira. Elas não foram causadas à existência por alguma coisa; elas apenas existem por uma necessidade de suas próprias naturezas. Por contraste, coisas contingentes são causadas à existência por alguma outra coisa. Elas existem porque alguma outra coisa as produziu. Objetos físicos comuns como pessoas, planetas e galáxias pertencem a esta categoria.
Então que razão pode ser oferecida para pensar que a premissa 1 é verdadeira? Bem, quando você pensa sobre o assunto, a premissa 1 tem uma espécie de natureza auto-evidente. Imagine que você esteja caminhando na floresta um dia e você encontre uma bola translúcida repousando sobre o chão da floresta. Você iria naturalmente imaginar como ela foi parar ali. Se um dos seus companheiros de caminhada dissesse, “ela apenas existe inexplicavelmente. Não se preocupe sobre isso!”, você iria pensar que ele está louco ou iria imaginar que ele apenas queria que você continuasse andando. Ninguém iria levar a sério a sugestão de que a bola está ali literalmente sem nenhuma explicação.
Agora, suponha que você aumente o tamanho da bola nesta história até que se torne do tamanho de um carro. Isto não faria nada para satisfazer ou remover a demanda para uma explicação. Suponha que ela fosse do tamanho de uma casa. Mesmo problema. Suponha que ela seja do tamanho de um continente ou de um planeta. Mesmo problema. Suponha que ela seja do tamanho do universo inteiro. Mesmo problema. Simplesmente aumentar o tamanho da bola, não irá fazer nada para mudar a necessidade de uma explicação.
A premissa 1 é aquela que o ateu tipicamente rejeita. Alguns ateus irão responder à premissa 1 dizendo que ela é verdadeira sobre tudo dentro do universo, mas não sobre o universo em si mesmo. Mas esta resposta comete o que tem sido chamado apropriadamente de “falácia do táxi”. Como o filósofo do século dezenove Arthur Schopenhauer satirizou, a premissa 1 não pode ser abandonada como um veículo de aluguel assim que você chegou ao seu destino!
Seria arbitrário para o ateu dizer que o universo é exceção à regra. A ilustração da bola na floresta mostra que apenas aumentar o tamanho do objeto a ser explicado, até que se torne do tamanho do universo inteiro, não faz nada para remover a necessidade de uma explicação para a sua existência.
Note, também, como a resposta deste ateu não é científica. Pois a moderna cosmologia é devotada à busca para uma explicação sobre a existência do universo. A atitude do ateu iria mutilar a ciência.
Alguns ateus tentaram justificar transformando o universo em uma exceção para a premissa 1 ao dizerem que é impossível para o universo ter uma explicação para sua existência. Pois a explicação do universo deveria ser um estado de coisas em que o universo ainda não existia. Mas isso seria nada, e nada não pode ser a explicação de alguma coisa. Então o universo deve existir inexplicavelmente.
Esta linha de pensamento é obviamente falaciosa. Pois ela assume que o universo é tudo o que existe, então se não houvesse o universo, não haveria nada. Em outras palavras, a objeção assume que o ateísmo é verdadeiro! O ateu então está cometendo petição de princípio, argumentando em círculos. Eu concordo que a explicação para o universo deve ser um estado de coisas em que o universo não exista. Mas eu afirmo que este estado de coisas é Deus e sua vontade, não o nada.
Então parece para mim que a premissa 1 é plausivelmente mais verdadeira do que falsa, o que é tudo o que precisamos para um bom argumento.
E quanto à premissa 2? Ela é mais plausivelmente verdadeira do que falsa?
O que é mais estranho para o ateu neste ponto é que a premissa 2 é logicamente equivalente à resposta ateísta típica para o argumento da contingência. Duas asserções são logicamente equivalentes se é impossível para uma ser verdadeira e a outra ser falsa. Elas sobrevivem ou sucumbem juntas. Então o que o ateu quase sempre diz em resposta ao argumento da contingência? O ateu tipicamente afirma o seguinte:
A. Se o ateísmo é verdadeiro, então o universo não tem explicação para sua existência.
Isto é precisamente o que o ateu diz em resposta à premissa 1. O universo existe inexplicavelmente. Mas isto é logicamente equivalente a dizer:
B. Se o universo tem uma explicação para a sua existência, então o ateísmo não é verdadeiro.
Então você não pode afirmar (A) e negar (B).
Mas (B) é virtualmente sinônimo da premissa 2! Então ao dizer em resposta para a premissa 1 que, dado o ateísmo, o universo não tem explicação, o ateu está implicitamente admitindo a premissa 2, que se o universo tem uma explicação, então Deus existe.
Além disso, a premissa 2 é muito plausível por si própria. Pois pense no que o universo é: toda realidade espaço-temporal, incluindo toda matéria e energia. Segue que se o universo tem uma causa para a sua existência, esta causa não deve ser física, imaterial além do espaço e do tempo. Agora há apenas duas espécies de coisas que podem adequar-se a esta descrição: tanto um objeto abstrato como um número ou uma mente sem corpo. Mas objetos abstratos não podem causar nada. Isto é parte do que significa ser abstrato. O número 7, por exemplo, não pode causar nenhum efeito. Então a causa da existência do universo deve ser uma Mente transcendente, que é o que os crentes entendem que Deus seja.
O argumento então demonstra a existência de um Criador do Universo necessário, não-causado, atemporal, não-espacial, imaterial. Isto é alucinante!
O ateu tem uma alternativa aberta para ele neste ponto. Ele pode retraçar seus passos, abandonar sua objeção à premissa 1, e dizer que sim, o universo tem uma explicação para sua existência. Mas esta explicação é: o universo existe por uma necessidade de sua própria natureza. Para o ateu, o universo poderia servir como um tipo de substituto de Deus que existe necessariamente.
Agora, isto seria um passo bem radical para o ateu dar, e não consigo pensar em nenhum ateu contemporâneo que tenha, de fato, adotado esta linha. Há alguns anos atrás na conferência da Filosofia do Tempo em City College, Santa Barbara, pareceu para mim que o professor Adolf Grünbaum, um filósofo da ciência ateu e vociferador da Universidade de Pittsburgh, estava flertando com esta idéia. Mas quando eu levantei a questão do auditório se ele pensava que o universo existia necessariamente, ele ficou bem indignado com a sugestão. “Claro que não!”, ele repreendeu, e continuou a dizer que o universo simplesmente existe sem nenhuma explicação.
A razão pela qual os ateus não estão ávidos para abraçar esta alternativa é clara. Assim que olhamos para o universo, nenhuma das coisas que o compõe existe necessariamente. Elas poderiam deixar de existir; de fato, em algum ponto no passado, quando o universo era muito denso, nenhuma delas existia.
Mas, você poderia dizer, e quanto à matéria de que estas coisas são feitas? Talvez a matéria exista necessariamente, e todas estas coisas são apenas configurações contingentes da matéria. O problema com esta sugestão é que de acordo com o modelo padrão das partículas subatômicas, a matéria em si é composta de minúsculas partículas denominadas “quarks”. O universo é apenas uma coleção destes quarks ordenados de maneiras diferentes. Mas então surge a questão: uma coleção diferente de quarks não poderia existir em vez desta? Será que cada quark e todos eles existem necessariamente?
Note que o ateu não pode dizer neste ponto. Ele não pode dizer que os quarks são apenas configurações da matéria que poderiam ser diferentes, mesmo que a matéria de que os quarks são compostos existam necessariamente. Ele não pode dizer isto porque os quarks não são compostos de nada! Eles são apenas unidades básicas de matéria. Então se um quark não existe, a matéria não existe.
Agora parece óbvio que uma coleção diferente de quarks poderia ter existido em vez da coleção que existe. Mas se fosse este o caso, então um universo diferente poderia ter existido. Para ver a questão, imagine sua mesa. Sua mesa poderia ser feita de gelo? Note que não estou perguntando se você poderia ter uma mesa de gelo no lugar de sua mesa de madeira que teria o mesmo tamanho e estrutura. Em vez disso, estou perguntando se sua própria mesa, aquela feita de madeira, se esta mesa poderia ser feita de gelo. A resposta é obviamente não. A mesa de gelo seria uma mesa diferente, não a mesma mesa.
Similarmente, um universo feito de diferentes quarks, mesmo que idênticamente ordenados como neste universo, seria um universo diferente. Segue então que o universo não existe por uma necessidade de sua própria natureza.
Então os ateus não têm sido tão ousados a negarem a premissa 2 e dizerem que o universo existe necessariamente. A premissa 2 também parece plausivelmente ser verdadeira.
Mas dada a verdade das três premissas a conclusão é logicamente inevitável: Deus é a explicação para a existência do universo. Além disso, o argumento implica que Deus é uma Mente sem corpo, não causada, que transcende o universo físico e até mesmo o espaço e o tempo e que existe necessariamente. Que grande argumento!
O artigo original está aqui.
webmaster on 01 Jan 2008 | Deus existe? & William Lane Craig | Comentários (6)
6 comentários para “ O ARGUMENTO DA CONTINGÊNCIA PARA A EXISTÊNCIA DE DEUS ”
1.
6. terra em 22 Abr 2008 às 19:45 #
Fico imaginando em que século o Meiameiameia poderia se enquadrar… Fico imaginando que título teria atribuído a Pachacuti, cuja percepção es¬piritual, como pagão, superava até mesmo a de Meiameiameia.
“Pachacuti (algumas vezes grafado Pachacutec) foi rei da incrí¬vel civilização inca da América do Sul, de 1438 a 1471 A.D. Segun¬do Philip Ainsworth Means, perito em antigüidades andinas, Pachacuti levou o império inca ao seu apogeu. Vejamos, por exemplo, algumas de suas realizações.
Quando Pachacuti reconstruiu Cuzco, a capital inca, ele fez tudo em escala grandiosa, enchendo-a de palácios, fortes e um novo templo dedicado ao sol. A seguir, mandou levantar um “fabuloso recinto dourado” em Coricancha — cujo edifício “rivalizava em esplendor com o próprio templo de Salomão em Jerusalém!”. Construiu, outrossim, uma longa fileira de fortalezas, protegendo as divisas orientais de seu império contra a invasão de tribos da bacia amazônica. Uma dessas fortalezas, a majestosa Machu Picchu, tornou-se durante algum tempo o último refúgio da nobreza inca em sua fuga dos brutais conquistadores espanhóis. De fato, estes jamais encon¬traram Machu Picchu. Pachacuti a fez construir sobre um alto cimo de montanha, o que a tornou invisível de outras elevações mais baixas.
Durante vários séculos, a existência de Machu Picchu permaneceu oculta do mundo exterior…
Milhares de turistas visitaram Machu Picchu desde que a nova estrada Hiram Bingham, no Peru, a tornou acessível em 1948. Quem quer que sinta reverência pelo esplendor de Machu Picchu deveria saber que Pachacuti, o rei que aparentemente a fundou, recebeu crédito por uma realização muito mais significativa do que a simples construção de fortalezas, cidades, templos ou monumentos…
Quase todos que têm algum conhecimento sobre os incas sabem que adoravam Inti – o sol.
Todavia, em 1575, em Cuzco, um sacerdote espanhol chamado Cristobel De Molina colecionou vários hinos incas – e certas tradições ligadas a eles – provando que a divindade de Inti nem sempre mostrou-se indiscutível, até mesmo aos olhos dos próprios incas. De Molina escreveu os hinos e suas tradições na língua inca, ou quechua, com a ortografia adaptada do espanhol. Os incas não tinham um sistema de escrita. Essa coleção inteira de tradições e hinos reporta-se ao reinado de Pachacuti.
Os eruditos modernos, ao redescobrirem a coletânea de De Molina, maravilharam-se com o seu conteúdo revolucionário. Alguns, a princípio, não quiseram crer que fosse realmente inca! Tinham certeza que o próprio Molina deveria ter introduzido seu pensamento europeu na composição inca original. Alfred Metraux, porém, em sua obra History of the Incas (”História dos Incas”), concorda com o Professor John H. Rowe que, segundo ele, “foi bem-sucedido em restaurar os hinos à sua versão original, (e está) convencido de que nada devem aos ensinos missionários. As formas e expressões usadas são basicamente diversas das encontradas na liturgia cristã na língua inca”.
Novas confirmações da autenticidade da compilação de De Molina vieram à tona. Um outro hino do mesmo gênero, diz Metraux, foi “milagrosamente preservado por Yamqui Salcamaygua Pachacuti, um cronista índio do século XVII… Basta comparar (este outro hino com os) colecionados por De Molina em 1575, para compreender que todos pertencem às mesmas tradições literárias e religiosas”.
Metraux declara: “Pela sua profundidade de pensamento e lirismo sublime (o hino inca preservado por Yamqui) é comparável aos mais belos dos Salmos”.
O que havia de tão revolucionário a respeito dos hinos? As tradições descobertas com eles declaram incisivamente que Pachacuti — o rei tão dedicado à adoração do sol, que reconstruiu o templo de Inti em Cuzco — começou, mais tarde, a questionar as credenciais de seu deus! Philip Ainsworth Means, comentando sobre o descontentamento de Pachacuti com Inti, escreveu: “Ele ressaltou que esse corpo luminoso segue sempre um caminho determinado, realiza tarefas definidas e mantém horas certas como as de um trabalhador”. Em outras palavras, se Inti é Deus, por que ele nunca faz algo original? O rei refletiu novamente. Ele notou que “a radiação solar pode ser diminuída por qualquer nuvem que passe”. Ou seja, se Inti fosse realmente Deus, nenhuma simples coisa criada teria poder para reduzir a sua luz!”
Pachacuti tropeçou inesperadamente na verdade de que estivera adorando um simples objeto como Criador! Corajosamente, ele avançou para a pergunta seguinte inevitável: Se Inti não é o Deus verdadeiro, quem é Ele então?
Onde um inca pagão, afastado dos conhecimentos judaico-cristãos, poderia encontrar a resposta à essa pergunta?
Ela é bastante simples — mediante as antigas tradições latentes em sua própria cultura! A possibilidade desse evento foi prevista pelo apóstolo Paulo, quando escreveu que Theos, no passado, “permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não no deixou ficar sem testemunho” (At 14.16-17).
Pachacuti tomou o testemunho que extraíra diretamente da criação e o colocou ao lado da quase extinta memória de sua cultura:
Viracocha — o Senhor, o Criador onipotente de todas as coisas.
Tudo o que restava da anterior lealdade inca a Viracocha era um santuário chamado Quishuarcancha, situado na parte superior do vale Vilcahota . Pachacuti lembrou também que seu pai, Hatun Tu¬pac, afirmou certa vez ter recebido conselho num sonho por parte de Viracocha. Este lembrou Hatun Tupac nesse sonho que Ele era ver¬dadeiramente o Criador de todas as coisas. Hatun Tupac imediata¬mente passou a fazer-se chamar (ousamos dizer que vaidosamente?) Viracocha!
O conceito de Viracocha era, portanto, antiquíssimo com toda probabilidade. A adoração de Inti e outros deuses, sob esta perspec¬tiva, não passava de desvios recentes de um sistema de crença ori¬ginal mais puro. Metraux insinua isso quando observa que Viracocha teve representantes proeminentes nas culturas indígenas “desde o Alasca à Terra do Fogo”,15 enquanto a adoração do sol aparece em relativamente poucas culturas.
Pachacuti decidiu aparentemente que seu pai redescobrira algo básico e autêntico, mas não prosseguira com a descoberta até onde deveria ir! Resolveu que ele, como filho, aprofundar-se-ia na realida¬de tocada pelo pai (ou seria essa realidade que de fato o estava le¬vando a aprofundar-se?).
Um Deus que criara todas as coisas, concluiu Pachacuti, mere¬ce ser adorado! Ao mesmo tempo, seria incoerente adorar parte de sua criação como se fosse o próprio Deus! Pachacuti chegou a uma firme decisão — essa tolice de adorar Inti como Deus já fora longe demais, pelo menos quanto a ele e seus súditos da classe alta.
Pachacuti entrou em ação. Ele convocou uma reunião dos sa¬cerdotes do sol — um equivalente pagão do Concílio de Nicene, se quiser — na bela Coricancha. De fato, um erudito chama esse con¬gresso de Concílio de Coricancha, colocando-o então entre os gran¬des concílios teológicos da história. Nesse concílio, Pachacuti apresentou suas dúvidas sobre Inti em “três sentenças”:
1. Inti não pode ser universal se, ao dar luz a alguns, ele a nega a outros.
2. Ele não pode ser perfeito se jamais consegue ficar à vontade, descansando.
3. Ele não pode ser também todo-poderoso se a menor nuvem
consegue encobri-lo.
Melhores esclarecimento procurem no livro: O Fator Melquisedeque de Don Richardson
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