segunda-feira, 27 de julho de 2009

Convivendo Com a Dor

Dr. Samuel Gipp, Th.D.


Introdução



Quase todo mundo sofre de algum tipo de dor e a dor de cada um é diferente. Tão cruciante como tem sido, a minha pode ser definida pela palavra mais importante que existe, quando se trata de uma dor permanente... suportável.

Mas isso não deveria ser percebido como uma quantidade insignificante de dor. Creio que suportar uma dor constante envolve tanto a condição mental como a condição espiritual da pessoa em questão.

Em geral não sou dado à depressão. Sempre tenho sido uma pessoa de coração muito alegre e jovial. Isso tem-me ajudado muito a lidar com a minha dor.

Tenho também uma fé inabalável no Senhor Jesus Cristo e na infalibilidade da Bíblia. É isso que tem me levado além do que eu seria capaz de suportar apenas com medicação e boa atitude. Se você não recebeu Jesus Cristo como seu Salvador pessoal, não somente tem abandonado o maior aliado na batalha contra a dor, como tem deixado sua alma na condição precária de chegar à eternidade sem Cristo, onde nenhum livro sobre como aliviar a dor poderá ajudá-lo.

Ler este livro não lhe garante vitória na batalha contra a dor, mas ter Jesus Cristo como seu Salvador pessoal pode garantir-lhe isto, conforme diz Paulo na 2 Coríntios 12:9: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minha fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”.


Conteúdo





1 – Como Aconteceu

2 – Uma Visitante, Muitos Disfarces

3 – Causa e Efeito

4 – Remédios e Tratamentos

5 – Convivendo Com a Dor

6 – Auxílio Que Nenhum Médico Pode Dar

7 – Você Ainda não Viu Nada!


Capítulo 1

Como Aconteceu



Ali estava eu, sobre uma pilha de pedaços de blocos de concreto, pregos entortados e pequenas peças de madeira de dois por quatro, olhando para o poço da escada, dois pisos acima, através do qual eu havia acabado de cair.

O sangue escorria de uma profunda ferida na nuca, algumas costelas estavam fraturadas e, embora eu ainda não o soubesse, naquele momento... meu pescoço estava quebrado. Era o princípio de uma longa jornada que me conduziria a uma vida na qual a dor seria minha companheira e adversária inseparável. Uma vida em que a minha fé em Jesus Cristo e em Sua Bíblia seria tudo o que me faria prosseguir vivendo.

Era o dia 23 de agosto de 1973. Pouco mais de três anos antes, 14/06/1970, eu havia ingressado na “College and Carier Class” (Classe de Aspirantes ao Seminário), do Templo Batista de Canton (Ohio), e aceitado Jesus Cristo como o meu Salvador pessoal. Esta é uma experiência grandiosa para qualquer pessoa, mas para um católico romano de vinte anos, viciado em álcool, significava uma completa mudança de vida. Apenas dez semanas depois, eu já ingressava no Pensacola Bible Institute (Instituto Bíblico de Pensacola), preparando-me para o ministério. Apenas três meses haviam decorrido após minha graduação no seminário e o meu início no campo do Evangelismo. Além disso, haviam se passado menos de duas semanas, desde o dia 12 de agosto, data do meu primeiro aniversário de casamento com a senhorita Kathaleen Fay Vaugham.

Agora estou aqui, no inacabado andar térreo, dentro de uma poça do meu próprio sangue. É uma data que jamais iria esquecer, pelo resto da vida, por causa da dor que me acompanharia até o final de meus dias.


Apenas um dia normal



Esse dia havia começado normalmente, como os demais. Sendo um evangelista jovem, de 23 anos de idade, recém saído do seminário, eu havia conseguido trabalho numa empresa construtora, cujo proprietário era cristão. Ele me permitiu escolher um horário flexível, de acordo com as minhas obrigações no campo evangelístico. Eu havia passado aquela manhã dirigindo um caminhão pesado. Eram blocos de concreto a serem usados no alicerce de uma nova casa. Estranhamente, quando estava sentado na cabina do caminhão, enquanto este passava pela balança, observei um sinal de alerta sobre segurança, o qual apresentava um homem caindo, com a seguinte advertência: “cuidado com os buracos”. Achei interessante que aquele sinal me tivesse chamado a atenção, uma vez que outros haviam passado despercebidos.

Mais tarde, naquele mesmo dia, eu estava em outro setor de construção. Aqui já havíamos erguido as paredes do primeiro piso de uma nova casa e preparado a estrutura do segundo piso. Agora estávamos construindo as placas do segundo andar a fim de colocá-las também. Tínhamos levado as placas de dois por quatro para fazer a montagem da parede da frente e as havíamos pregado umas nas outras. Em seguida, iríamos fixar as placas às paredes. Depois iríamos pegar as placas de quatro por oito do madeiramento, o qual daria mais suporte à estrutura da casa. Depois disso iríamos erguer as paredes, encravá-las no segundo andar e em seguida fazer o acabamento. Eu já estava terminando a parede, sobre uma peça de madeira de meia polegada que serviria de braço no canto. Estava ajoelhado e apoiado sobre as mãos, colocando pregos na peça de madeira, conforme verifiquei mais tarde, trabalhando a partir da parte externa da casa em direção ao centro, e quando senti meus pés ultrapassando a borda da parede sobre a qual me encontrava, quis levantar-me. Achei que estava a apenas quatro polegadas do piso. Mas estava enganado. Não tive o cuidado de olhar ao redor e para trás de mim, e se o tivesse feito poderia ter visto que atrás havia uma abertura, onde mais tarde seria colocada a escada da casa. Era um buraco que descia por dois andares. Ali havia uma pilha de blocos de concreto, pregos entortados e peças inúteis de madeira, que eram atiradas lá embaixo, no final de um dia de trabalho.

Quando o meu pé se deslocou da borda da parede, levantei-me, como havia pensado, mas o que me aguardava eram dois andares de queda livre, através do poço da escada, até o andar térreo. Só me lembro de estar caindo. Lembro-me também de ter visto um colega de serviço, no primeiro andar, acendendo um cigarro e olhando para cima, enquanto eu passava por ele. Então pensei: “Gipp, essa foi a coisa mais ESTÚPIDA que você já fez na vida”. Passei raspando pela extremidade do primeiro andar. O impacto da queda abriu o meu crânio e parecia ter quebrado meu pescoço. Então me esparramei sobre uma pilha de cascalho, no andar térreo, quebrando várias costelas.

Lá fiquei, admirado de ainda estar consciente. Olhei dois andares acima e vi meus colegas de serviço olhando para mim, lá do alto da abertura. Uma padiola foi trazida e me levantei para subir na mesma. Um erro! Logo que me levantei, recém saído do estado de choque, precisei ser amparado pelos colegas de trabalho e aguardar uma ambulância.

Fui levado às pressas para o hospital mais próximo, lá admitido, passado no Raio X e saturado dos medicamentos apropriados. Recebi um colete cervical ao redor do pescoço, como suporte para a cabeça. Naquela mesma tarde, quando a dor do tombo estava me atingindo, um médico indiano entrou no quarto onde eu estava internado. Era o médico da emergência, que havia me internado e medicado. Perguntou como eu me sentia e respondi-lhe que estava bem, exceto pelas dores que sentia e pela dormência nos braços. Indaguei-lhe sobre o resultado do Raio X. Ele respondeu que eu havia quebrado apenas algumas costelas (como se eu não o soubesse) e que o Raio X havia acusado algo de errado com o meu pescoço. “Contudo”, ele falou: “estou-lhe mandando para o médico plantonista, o qual cuidará de você” (era o que ele pensava).

Minha esposa Kathy, enfermeira prática diplomada, estivera de olho nesse médico, enquanto ele preenchia o documento de internação. Ela o havia visto escrever: “Observar possível fratura cervical” (pescoço quebrado).

É incrível, como apesar do Raio X e dos comentários do médico da emergência, o médico plantonista não deu a mínima atenção ao meu pescoço. Apenas quatro dias depois da queda recebi alta daquele hospital. Por causa das costelas quebradas não voltei ao trabalho senão duas semanas mais tarde... com o pescoço quebrado!


Uma revelação chocante



Os dois meses seguintes foram simplesmente miseráveis. Eu sentia dor no pescoço acompanhada de dormência nos braços. Voltei àquele médico e relatei tudo, porém ele me tratou como se eu fosse um hipocondríaco. Naquela, que foi a minha última visita àquele médico, insisti para que ele fizesse algo a respeito da dor e da dormência que eu estava sentindo nos braços. Contudo, foram estas as suas exatas palavras: “vou prescrever-lhe algumas pílulas verdes e você deve usar a banheira de água quente”. Em seguida, dirigiu-se à enfermeira e lhe disse algo. Esta abriu uma gaveta em sua mesa e me entregou uma caixa de “pílulas verdes”. Dois meses de apelos infrutíferos haviam terminado assim. Saí daquele consultório com raiva e falei para minha esposa: “agora vamos procurar um médico de verdade”. Então fomos a um neurologista. Procuramos um homem de boa reputação, o qual era também membro de nossa Igreja. Nenhum de nós sabia, naquele momento, que se ele tivesse apenas tentado ajustar o meu pescoço, teria me matado. Mas esse médico recusou-se a tratar o dano do meu pescoço, sem antes fazer um Raio X. Depois de observar o mesmo, ele me levou para um exame em sua sala e perguntou-me: “alguém já lhe contou que você está com o pescoço quebrado?” Eu, que sempre havia gostado de fazer piadas, respondi-lhe: “Esta semana, ainda não!”

Em vez de rir da minha piada ele falou: “bem, você está sim”.

Então ele colocou uma das fotos do Raio X no mostrador. Antes de mostrar o dano, vi logo que uma das vértebras do meu pescoço, estava dobrada, formando um ângulo de quase 45 graus, enquanto as demais estavam retas. Ele apontou o dano e explicou que havia uma fissura entre as vértebras C-6 e C-7. Indaguei o que ele faria para tratar o problema. Ao que ele declarou: “já entrei em contato com um cirurgião ortopedista. Você vai sair daqui diretamente para ele. Agora você é paciente dele... e Sam, movimente-se com todo o cuidado”.

Kathy e eu chegamos no consultório do especialista, o Dr. Smith, perplexos com os últimos acontecimentos. O cirurgião olhou o Raio X do neurologista e também aqueles que haviam sido feitos no hospital, no dia do acidente. Eram idênticos. Contudo, para ficar mais seguro, ele tirou o seu próprio Raio X, e para isso mandou-me despir a camisa. Quando me curvei para retirá-la, o médico me interrompeu, com um olhar preocupado e falou com voz temerosa: “não se curve”! Com esta simples declaração comecei a entender que aquele problema era maior do que todos os que eu já havia enfrentado antes.

Com expressão admirada indaguei-lhe: “Por que?” Ao que o Dr. Smith respondeu solenemente: “Sam, você devia estar quadriplégico por causa do tombo que levou. Mas pelo fato de ter se movimentado durante esses dois meses, você já deveria estar morto! Se você tivesse erguido a cabeça nos últimos dois meses isso o teria matado”. Ao ouvir essas palavras lembrei-me das muitas vezes em que havia erguido minha cabeça, nos dois meses precedentes. Lembrei-me de ter dirigido pesados caminhões da construtora, lotados de areia, movimentando a cabeça o tempo inteiro. Foi então que descobri que a mão do meu gracioso Deus estivera me protegendo de um destino fatal.

O médico me examinou e tomou providências urgentes para me internar no hospital (um hospital bem diferente daquele em que eu havia estado no dia do acidente). Contudo, me informou que não haveria quarto disponível nas próximas duas semanas. Kathy e eu voltamos cuidadosamente para casa. Logo que chegamos, o telefone tocou. Era o Dr. Smith. Ele se empenhara de tal maneira que havia conseguido minha internação já para o dia seguinte.

No dia seguinte, 05/11/73, fui internado e imediatamente colocado sob tração cervical. Para isso foram feitos dois orifícios laterais em minha cabeça e o que pareciam ser duas peças de línguas congeladas, de aço inoxidável, foram colocadas dentro dos orifícios. Uma corda com vinte libras de peso foi, então, amarrada às duas peças metálicas. Fiquei de cama nessa tração, durante sete dias. Então, no dia 12/11/73, fui levado ao centro cirúrgico. Já eram decorridos 81 dias, desde o acidente.

O procedimento executado em mim agora é muito comum. É a chamada “fusão cervical”. Minha garganta foi aberta na parte externa e um orifício foi cavado na vértebra vizinha àquela danificada, unindo uma à outra. Em seguida um pedaço de osso foi removido do meu quadril direito e inserido no orifício. Eventualmente os ossos se solidificariam e dariam apoio às vértebras quebradas. Agora o meu pescoço quebrado havia sido consertado. Porém as coisas não seriam tão fáceis!

Algumas horas mais tarde acordei na sala de recuperação e encontrei minha esposa velando ansiosamente ao meu lado. A cirurgia fora um sucesso. Meu pescoço fora consertado. Porém havia algo errado. Eu não conseguia mais falar!

Logo os médicos descobriram que durante a cirurgia minhas cordas vocais haviam se contraído. Eu só podia falar em sussurros. O “evangelista” havia recebido de volta o corpo, porém já não poderia mais pregar! Passaram-se quatro longos meses, até que Deus graciosamente me restaurasse a voz. Esta, ainda hoje, me causa problemas, contudo me tem servido bem, e a Ele, durante várias décadas. Não posso me queixar!

O problema com a dor que hoje experimento é devido primeiramente ao fato do tempo decorrido entre a fratura do meu pescoço e o conserto dele. Imagine, por exemplo, que você frature uma perna e só três meses depois a conserte. Sua perna jamais sararia tão bem como se tivesse sido reparada imediatamente. É o atualmente acontece de errado com o meu pescoço.



Como não ficar rico



Sem dúvida você deve estar pensando num processo judicial. Sim, houve um. Não sou uma pessoa vingativa por natureza. Não me interesso em lucro “caído do céu”. Minha esposa e eu fomos aconselhados por várias pessoas a processar, urgentemente, o médico que havia sido relapso no problema do meu pescoço quebrado e em seguida ignorado minhas súplicas de ajuda. Oramos ao Senhor a respeito do assunto pedindo-Lhe que nos dissesse se Ele desejava que processássemos esse médico. Caso o fizéssemos, planejamos dividir o dinheiro em quatro parcelas. Três delas seriam enviadas a três missionários autônomos e a quarta ficaria para nós. Suplicamos ao Senhor que ele nos esclarecesse sobre a instauração do tal processo.

Dois dias depois, o advogado que havíamos contratado para cuidar do meu seguro desemprego, nos chamou. Disse que o cirurgião que havia me operado entrara em contato com ele, aconselhando-o a processar o tal médico. Com isso, demos entrada no tal processo. Por favor, ponham em mente que estávamos em 1973 e não em 1993. Se estivéssemos em 1993 haveria uma porção de advogados astutos, apoiados pela TV, os quais indicariam uma ação judicial até contra uma mãe que servisse ao filhinho uma sopa fria de cereais. E ganhariam a causa. Entretanto, em 1973 as coisas não eram assim. O meu advogado do seguro desemprego tomou as providências necessárias. No final fui instruído a encontrar-me com um advogado de Cleveland, Ohio, numa estação de trem em Canton (Ohio). Conversamos ligeiramente, enquanto ele consultava o relógio o tempo inteiro. Apanhou minha caixa de “pílulas verdes”. A partir daí nunca mais o vi, nem vi novamente a caixa que lhe entregara. Algumas semanas mais tarde fui informado de que “eu” havia desistido da ação judicial. E semanas depois recebi um cheque. O que possivelmente teria sido uma indenização líquida de cinco milhões de dólares, em 1993, acabou sendo uma de apenas cinco mil dólares em 1973. Pagamos o advogado, entregamos o dízimo, em seguida dividimos o dinheiro restante em quatro partes. Enviamos três quartos aos missionários e ficamos com cerca de mil dólares.

Incluí a informação sobre o processo porque hoje essa prática ostensiva e legal, embora duvidosa, iria render à vítima do processo milhões de dólares. Desse modo, os leitores deste livro poderiam imaginar que isso aconteceu em meu caso. Mas não aconteceu. Por causa do dano fiquei um ano inteiro impossibilitado de trabalhar. Durante esse ano, o Departamento de Estado de Ohio me deu um seguro de apenas 52 dólares semanais (mais ou menos 210 dólares mensais). Depois de entregar o dízimo dessa importância, restavam-nos menos de 50 dólares semanais. A parcela que havíamos recebido no “acordo”, há muito já se havia esgotado. Porém não lamentamos o fato. Deus tem cuidado de nós (1 Pedro 5:7).



Uma tênue luz brilhando



Passei aquele ano, após ter deixado o hospital, usando um colete, que se estendia da cintura até o queixo, na frente, e até à base do crânio, por trás. Durante esse período também fiz fisioterapia. Um ano depois da cirurgia foi-me permitido voltar ao trabalho. Reassumi minhas obrigações no campo evangelístico, a partir do ponto em que havia parado, um ano antes. Achei que o problema do meu pescoço quebrado estava encerrado, porém logo descobri que não era assim.

Como já declarei antes, por causa do tempo decorrido entre o acidente e a cirurgia corretiva, meu pescoço jamais pôde voltar cem por cento ao normal. Em alguma parte do mesmo ainda existem alguns “fios cruzados”. Essa verdade foi-me atingindo aos poucos. Sabia que iria experimentar alguma dor, após a cirurgia. O desconforto que experimentei durante o ano de minha recuperação, de fato não me alarmou. Submeti-me a todo tipo de medicamentos, que me foram oferecidos ou sugeridos, esperando que algo pudesse evitar completamente as dores que eu sentia. Não foi senão após dez anos que finalmente cheguei à conclusão de que a dor seria uma parte constante de minha vida. Haveria dias em que ela seria quase benigna. Haveria dias em que ela seria maligna. Haveria dias em que ela iria ameaçar minha sanidade mental. Mas em qualquer uma de suas manifestações, ela seria minha companheira permanente até o final da vida.



Capítulo 2

Uma Visitante - Muitos Disfarces





Tenho convivido com a dor, durante quase um quarto de século (1997). Embora seja uma dor constante, ela difere, quase diariamente, na maneira como me aflige. Compreensivelmente, alguns dias são melhores do que outros, contudo cada dia é afligido, de alguma forma, com dor irremissível.

Para melhor suportar a experiência da dor diária, tenho catalogado as muitas variedades de dor que aparecem em minha vida.



Há Uma Pedra Em Meu Sapato



Já se passaram mais de 20 anos, desde aquele dia quente de agosto de 1973, mas ele ainda está permanentemente ligado a mim.

Cada dia me lembro dele, visto como nunca mais tive um só dia isento de algum tipo de dor, desde aquele acidente. A dor está sempre ali. Alguns dias é apenas uma irritação. Algumas vezes é um fardo pesado. Apesar disso, descobri que podemos nos adaptar à dor. Você não deve obrigatoriamente ser usado por ela. Mas pode se adaptar a ela. Há uma certa porção de dor que me atinge diariamente. Em vista da dor diária ”normal” de cada dia que eu sinto no pescoço, tenho a impressão de que ela é uma pedra em meu sapato.

Imagine que você tem uma pedrinha dentro do sapato, a qual não pode ser removida. Acredite ou não, depois de algum tempo você se acostuma com ela. Você não vai mais ficar surpreso nem aborrecido com a presença dela. Aprenderia caminhar, de modo a não agravar o problema. Iria se abster de coisas que já não pudesse fazer, como por exemplo, correr. Mas iria, eventualmente, aprender a conviver com ela. E logo estaria aceitando essa irritação como coisa “normal”. É assim que me comporto no dia a dia. Todos os dias desperto com dor no pescoço. Toda noite me deito do mesmo modo. E nem sequer tenho encontrado alívio durante o sono, pois muitas vezes tenho despertado no meio da noite com uma dor atroz no pescoço. Contudo, com o passar dos anos, acabei aceitando esse desconforto diário como coisa “normal”. Até hoje, quando alguém pergunta se o meu pescoço dói, tudo que tenho é “uma pedra no sapato”, e respondo que não. E não estou mentindo. Apenas quero dizer: “Nada tenho além da minha dor normal de cada dia”.

Infelizmente, no momento em que você acha que aprendeu a viver com essa dor diariamente, e que aceitou o desconforto, descobre uma coisa bem desagradável. Em alguns dias a pedra parece maior! Nos dias em que ela parece pequena, você até consegue ignorá-la. Você simplesmente suporta um pouco de desconforto. Sua mente já foi condicionada a ignorar essa dor “normal”. Então, certo dia você descobre que a pedra cresceu e, consequentemente, se tornou mais difícil de ser ignorada. Nesse caso, você é forçado a recomeçar tudo de novo, com relação a esse novo problema. Você tem de “restringir” o seu cérebro e ignorar esse nível maior de desconforto. Aprende que existem novas restrições ao que você é capaz de fazer.

Ao longo dos anos tenho aprendido a lidar com essas restrições. Por exemplo, descobri que quando sento numa sala e converso com as pessoas não posso voltar a cabeça para a direita, por um longo tempo, sem que a dor se manifeste insuportável. Então, quando me sento numa sala, procuro uma cadeira que fique exatamente em frente à pessoa com quem estou conversando. É um ajuste simples, mas faz uma grande diferença com relação ao meu conforto pessoal. Em geral não peço concessões à minha dor, da parte das pessoas que me rodeiam, mas faço a mim mesmo algumas pequenas concessões que me convêm tal, como essa.

Sempre achei que tenho um problema ao sentar na Igreja. Esse problema aparece conforme a altura e o ângulo do qual me sento olhando para o púlpito. Se me sento longe demais do lado para o qual tenho de virar a cabeça, meu pescoço acaba se prejudicando. O mesmo acontece quando sento perto demais e preciso olhar para cima do púlpito. Por essa razão tenho de ser cuidadoso, conseguindo um assento que fique bem no centro do auditório, mais ou menos na metade das fileiras de banco. Desse modo, posso olhar diretamente para o pregador. Isso parece uma coisa insignificante, mas me ajuda a tornar bem menor a “pedra em meu sapato”.

Pode ser triste evitar a dor. Uma das coisas mais tristes para mim é ter de evitar ser abraçado pelas crianças. Algumas vezes uma criança bem intencionada me dá um abraço de “urso”, o qual se transforma num abraço insuportável para mim. É horrível ter uma criança pendurada ao seu pescoço, enquanto você está sentindo contrações de dor atravessando-o e tem de forçar um sorriso, em lugar de emitir um gemido. Tenho tido alguns irmãos super zelosos me abraçando, os quais me deixam fora de forma por vários dias. A parte triste nisso tudo é que você não pode sair por aí dizendo: “Não me abrace” a cada pessoa que se aproxima de você. Em vez disso tenta evitar a desagradável situação, mesmo parecendo anti-social.



O Pit Bull



Há dias em que experimento o que chamo o “Pit Bull”. Isso acontece quando atravesso o dia com a sensação de que um buldogue tivesse cravado suas garras na parte traseira do meu pescoço e aí ficado pendurado o dia todo, enquanto saio para o meu trabalho. Você pode imaginar o “leve” desconforto que seria!

O “Pit Bull” é uma dor aguda, geralmente acompanhada de alguns disparos de dor, quando levanto ou viro a cabeça. A “pedra” é uma situação de cada dia e para ela não recorro a medicamento sedativo. A “Pit Bull” em geral dura um dia inteiro e pode, também, durar vários dias. Não tomo coisa alguma para essa dor, a não ser que ela permaneça em mim por muitos dias, a ponto de exigir medicação e me deixar exausto. Não sou corajoso. O fato é que simplesmente tenho juízo bastante para considerar uma “dor séria” que exija medicação. Se eu tomasse um sedativo, cada vez que sentisse dor, acho que já teria mais que “uma pedra”. Já seria um trapo!

A “Pit Bull” vem sempre acompanhada de disparos de dor quando movo ou levanto, rapidamente, a cabeça. Você não vai acreditar em quantas vezes tenho inconscientemente balançado a cabeça, apenas para sentir o “Bull” agarrado mais firme, a ponto de me atirar no teto. Às vezes estou lendo e então sinto um disparo doloroso pelo meu pescoço.

Como já falei, não costumo tratar a “Pit Bull” com sedativos. Prefiro tratá-la com calor (em último caso). Quando aplico calor bem cedo em meu pescoço, posso às vezes fazer com que a “Pit Bull” relaxe suas garras, ficando apenas com a “pedra no sapato”.



O Machado e a Faca



Há outros dias em que saio da cama sentindo como se alguém tivesse passado em cima de mim e em seguida cravado um machado entre minhas omoplatas. Tento descobrir a causa do meu desconforto apenas para vê-lo se voltar e me dizer: “tenha um bom dia!” e depois ir embora.

“O machado” sempre vem acompanhado de dormência em alguns dedos ou de dores nos antebraços. Há casos em que até tenho a sensação de que uma mosca está andando sobre o dorso de minha mão. Contudo, ao procurá-la, nada vejo, embora ainda continue sentindo-a.

“O machado” tende a imobilizar-me de um certo modo. É-me impossível sentar ou ficar de pé numa posição que alivie a dor. Encontro algum alívio para esse desconforto ao levantar e baixar a cabeça. Isso provoca uma leve necessidade de assoar o nariz. Mas também traz um certo alívio. Quando estou sendo afligido pelo “machado”, fico impossibilitado de baixar a cabeça para orar. Isso parece arrogante e orgulhoso para um espectador, mas é necessário para mim.

Algumas vezes posso quase sentir a lâmina do “machado” como se fosse um objeto físico cravado em minha costas, exatamente entre minhas omoplatas e à esquerda da medula espinhal (como está acontecendo enquanto escrevo estas páginas). Algumas vezes ele até faz com que me doam as costelas, de modo que posso honestamente afirmar que “isso dói apenas quando respiro”.

O tratamento mais comum que uso contra o “machado” é o “amortecedor”. O “amortecedor” é um grande vibrador de duas mãos que eu tenho. Como a dor se localiza no meio das costas, preciso deitar-me de bruços na cama e deixar Kathy “amortecer” minhas costas e pescoço. Costumo evitar qualquer sedativo para o “machado”. Você aprende a conviver com um certo grau de dor, mesmo quando esta se torna mais forte em determinados dias.

A “faca” é parecida com o “machado”, mas com características que lhe garantem um título individual. A “faca” obviamente me dá a sensação de ter uma faca encravada nas costas, em vez de um machado. Mas o que a torna diferente é a localização. É a sensação de ter uma faca colocada nos lados, inserida diretamente entre as vértebras C6 e C7, na parte traseira do pescoço. A “faca” chama a atenção. Não sei se o cara que crava a “faca” em meu pescoço é o mesmo que crava o “machado” em minhas costas. Contudo sem dúvida, seu objetivo é o mesmo!

Junto com a “faca” surgem dores muito afiadas (sem intenção de jogar com as palavras), quando movimento a cabeça. De todas as manifestações que a minha dor emprega, a “faca” é menos comum, porém extremamente severa. Com a “faca” vêm os estágios iniciais de imobilidade. Tento inutilmente olhar lado a lado, em vez de mover o pescoço. Às vezes simplesmente não consigo me voltar para falar com alguém. Então digo à pessoa com que estou sentado numa sala conversando para não considerar-me desatencioso pelo fato de estar olhando direto para a frente.

Graças a Deus que a “faca” não parece ficar mais de um ou dois dias. Costumo tratá-la com calor e amortecedor. E se ela coincide com o “machado”, tomo também algumas aspirinas.



Congelado



Às vezes, por executar um movimento errado, ou dormir em má posição, sinto uma pequena “explosão” em meu pescoço. Além do intenso disparo de dor que a acompanha, ainda há o sinal de alarme do que virá. Sei que estarei experimentando, o desconforto de ficar (como eu chamo) ”congelado” ou “aprisionado”. É o tempo que fico sem poder mover o pescoço. As circunstâncias nessa situação são a incapacidade de mover a cabeça sem que uma dor cortante o atravesse. Meu pescoço fica duro demais para ser movido sem grande desconforto.

Provavelmente uma das coisas mais notáveis sobre esses “ataques” de dor que me atingem é que eles não exigem grande esforço de minha parte para serem causados. Há muito tempo que parei de levantar coisas pesadas, se posso evitá-lo. Contudo, perto da hora de dormir e na estação fria, da qual falarei mais tarde, muitos problemas começam apenas com o mais leve movimento da cabeça. Lembro-me claramente de uma manhã de domingo, pouco antes de sair para pregar numa igreja, quando movi minha cabeça para a esquerda, a fim de falar alguma coisa com minha esposa, e repentinamente houve aquele “barulho” em meu pescoço como um disparo luminoso de dor. Em seguida me senti bem, mas disse à minha esposa: “só disponho de uma hora até ficar “congelado”. Entrei na igreja e dei aula na Escola Dominical. Mesmo enquanto falava podia sentir o “cimento endurecendo” em meu pescoço. Quando terminou o culto matinal eu já não conseguia mais mover a cabeça.

Quando isso acontece, sei que vou entrar num ciclo de dor intensa e de desconforto, que perduram no mínimo três dias e no máximo três semanas. Algumas vezes, quando “congelo”, não consigo sustentar a cabeça... por um tempo. Minha esposa é obrigada a me fazer deitar ou sentar na cama. Mergulho no sono, apenas para despertar com um grito de dor que explode em meu pescoço.

Como se não bastasse a dor, essa condição me leva a situações embaraçosas, quando estou pregando. Tendo em vista que sou um evangelista, estou pregando quase cada noite em algum lugar. Jamais cancelei um culto por causa de dor ou imobilidade. Vezes incontáveis tenho pregado até mesmo quando estou “congelado”. De repente, o menor movimento desencadeia um disparo luminoso de dor e dou um grito involuntário. Sinto-me como um completo “desastrado” quando isso acontece, mas me obrigo a desempenhar a vocação de pregar, com ou sem dor.

Há ocasiões em que estou “congelado” e não posso mover a cabeça para dirigir. Deixo Kathy dirigir, enquanto repouso a cabeça na almofada de descanso, no banco do passageiro, para evitar que esta se mova com o trepidar do carro. Moramos em um trailer de 35 pés de comprimento, que é puxado por um Ford com capacidade para uma tonelada. Muitas vezes ao dobrar uma esquina, faço uma manobra repentina, que quase me destrói, se já estiver “congelado”. Tem havido muitas ocasiões em que essa repentina manobra do carro tem desencadeado um caso de “congelamento”, mesmo que não tivesse experimentado qualquer problema sério. (Isso se chama “vida na viela rápida”). Algumas vezes a manobra do carro, quando cruzando desnível da rodovia de caminhões, provoca o mesmo.

Periodicamente o fato de estar “congelado” vem acompanhado de pequenas “explosões” de dor, para cima e para baixo, através dos braços. Estar “congelado” vem ocasionalmente acompanhado da sensação de que uma mosca passeia para cima e para baixo no dorso da mão, ou no braço. É incrível como posso sentir a mosca andando e sempre quando olho não a posso ver. Contudo, ainda sinto-a andando cada vez que olho.

Sempre observo todas as paradas, enquanto tento amenizar a dor de um desses estágios. Tomo aspirinas, aplico calor e uso amortecedor. Há ocasiões em que passo horas na cama, com uma placa de calor sob o pescoço. Ocasionalmente, tenho passado a maior parte do dia deitado sobre uma padiola aquecida e em seguida vou pregar numa igreja e logo regresso ao trailer e torno a me deitar na padiola aquecida. E quando melhora o pescoço, reassumo as funções normais.



Vidro Quebrado e Granizo



Você já escutou o som do granizo gemendo sob os pneus de um carro sobre o asfalto? É esse o som que escuto ao mover a cabeça. Alguns dias perecem piores do que outros. Não há dor alguma associada a isto. Mas o som é irritante. Às vezes quando espero escutar este som, então ele some por um tempo.



Dor de Cabeça



Uma das coisas mais insuportáveis que acontecem é quando minha cabeça dói por causa do problema do pescoço. Tudo sobre o que tenho falado até agora começa pelo pescoço e vai descendo pelas costas, descendo pelos ombros, descendo pelos braços. Porém a dor de cabeça acontece, quando a dor resolve subir, também. Ela geralmente começa na base do crânio e prossegue até se expandir lentamente e alcançar toda a cabeça. Haverá locais de dor mais intensa que outros. Às vezes é na parte traseira da cabeça, às vezes na parte dianteira. Algumas vezes um dos lados da cabeça dói com uma tremenda intensidade.

Quando meu pescoço está em crise, posso ter dor de cabeça por longos períodos de até duas semanas. Quando esta vem acompanhada das diversas dores já mencionadas, a situação se torna “intensa” demais. As dores de cabeça são absolutamente agonizantes. Elas me impedem de ler, de trabalhar e até mesmo de pensar.

Escrevo livros, redijo novos sermões e formulo estudos bíblicos a serem transmitidos nas classes de Escola Dominical, nas igrejas onde prego. Ao experimentar as outras dores, ainda posso continuar a trabalhar, mas quando à dor do pescoço é acrescentada a dor generalizada da cabeça, então eu fico completamente inutilizado. Simplesmente não posso me concentrar no assunto em pauta, enquanto estou tentando suportar a avalanche de dor. Às vezes, tomando algumas aspirinas e dormindo pelo menos uma meia hora, a situação melhora a ponto de me permitir trabalhar novamente. Outras vezes, porém, os sedativos não fazem efeito algum.

Parece incrível, porém mesmo que sejam intensas essas crises de dor, tenho conseguido suportá-las relativamente bem. Tenho aceitado a experiência da dor como parte normal (para mim) de minha vida. Contudo, às vezes elas atingem inegáveis níveis de tolerância. Existem duas condições em que uma crise aguda de dor se torna quase vitoriosa. Em ambas as condições esse ataque vem sobre a mente. Toda dor é de fato, um ataque à nossa mente. Quando a dor toma conta da melhor parte de sua mente, então você está com um grave problema.



Claustrofobia



A condição que eu chamo de “claustrofobia” não é diferente daquela que as pessoas sofrem durante um inverno particularmente rigoroso. É uma condição psicológica e se manifesta através do pânico. À medida em que o inverno prossegue, algumas pessoas começam a se sentir aprisionadas por ele e sentem necessidade de escapar. Sentem-se prisioneiras em suas próprias casas e descobrem que não haverá resgate algum desse sentimento, enquanto não chegar a primavera. Isso as conduz diretamente a uma sensação de pânico de não conseguir “escapar” do inverno. Esta situação pode se tornar muito grave, contudo pode ser atenuada com apenas um cálido fim de semana de verão, ou com um desesperado vôo até a Flórida, para lá ficar alguns dias. Embora eu não seja mentalmente afetado pelo rigor ou duração do inverno, de algum modo experimento uma “claustrofobia” de mim mesmo.

Minha “claustrofobia” em geral provém de uma necessidade mental de fugir da dor. Uma fuga que jamais acontecerá neste mundo.

Muitas vezes essa “claustrofobia” me ataca no meio da noite, geralmente ao ser despertado pela dor no pescoço, por ter dormido em má posição, ou por ter movido a cabeça, enquanto dormia. Mais de uma vez fiz um movimento errado, enquanto dormia e despertei gritando de dor, no meio da noite. Enquanto permaneço ali na escuridão, enfrento, face a face, a cruel realidade de que jamais terei uma noite ou um dia na vida, sem sentir dor. Sinto um desejo quase incontrolável de abrir a porta do trailer e sair correndo, pela noite adentro. Porém logo verifico que, para onde quer que eu vá, levarei comigo o meu pescoço e, portanto, a minha dor. O desespero é quase sufocante, quando me abate esse constante desejo de abrir a porta do trailer e sair correndo, no meio da noite, procurando um lugar onde possa me esconder. Mas não posso me esconder do meu pescoço. Mal acabo de lutar contra essa urgência de escapar do inescapável, quando outra onda vem passar sobre mim. Preciso de muita oração e sobretudo de todo o meu controle mental, a fim de permanecer quieto. Minha esposa é uma mulher admirável, tremendamente paciente com os meus problemas. Durante esses ataques de claustrofobia, tenho medo de acordá-la. Não quero sobrecarregar a sua capacidade de abnegação. A linha do limite da dor é: você tem de lutar contra ela (e vencer) sozinho.

Embora muitos ataques de “claustrofobia” aconteçam durante a noite, às vezes é possível que eles aconteçam também à luz do dia. Às vezes, quando tenho suportado um longo estágio de extrema dor, de repente, durante a noite vem, inesperadamente, um flash à minha mente: “fuja!” Felizmente sou realista no que diz respeito à minha dor e tenho aprendido a aceitar aquilo que nada posso fazer para mudar. Mas os períodos de “claustrofobia” podem me conduzir ao ápice de minha resistência mental. Eles não são agradáveis. Não são românticos. São tão reais como aterrorizantes.



Tortura



Outro ataque que enfraquece a determinação de continuar vivendo é uma condição que chamo de “tortura”.

O ato da tortura é um ataque sobre a mente e não sobre o corpo, embora o corpo seja o recipiente do castigo. Você é torturado por um inimigo, a fim de ter quebrada a sua determinação. Para destruir sua resistência. O princípio é simples: ”Vou machucá-lo até que você faça o que eu desejo que você faça”. Ao encarar a antecipação da tortura, a mente automaticamente se “fortalece” para o que virá. Logo que termina o assalto contra o corpo e o prisioneiro é levado de volta à cela, a mente tende a relaxar. A técnica mais cruel da tortura vem nessa hora, exatamente quando o prisioneiro conseguiu suportar o abuso do torturador e saiu vitorioso, então ele é levado imediatamente de volta para outra “seção”. Exatamente quando a mente achava que havia suportado e prevalecido, tendo então começado a relaxar, é novamente submetida ao castigo. A sensação de nunca ter a permissão de relaxar do tormento dobrará a vontade humana.

Minha “tortura” é semelhante a essa. Começa com estágios ameaçadores de dor, os quais perduram entre dez dias e duas semanas. A dor se manifesta de todas as maneiras concebíveis. Durante esse tempo estarei sujeito a qualquer uma das fases de dor já descritas. Haverá dias em que não poderei mover a cabeça. Haverá dias em que terei o “Pit Bull” pendurado em meu pescoço, ao mesmo tempo em que o “machado” estará cravado em minhas costas. Serei obrigado a suportar as explosões de dor subindo e descendo em meus braços. Tomarei aspirinas, “aquecerei” as costas e a cabeça, até tostar a pele, e passarei dias sobre a padiola quente. Muitas vezes meu pescoço fica tão frágil que até mesmo a minha Bíblia se torna pesada demais para eu carregar, sem agravar o problema, e precisa ser carregada até os cultos por um de meus filhos. Durante esse tempo, despertarei por causa de um movimento errado, durante o sono. Acordarei com extrema dor e irei dormir do mesmo modo. Já experimentei a dor até mesmo em sonhos. (Lembro-me de uma ocasião em que sonhei ter tomado um sedativo, apenas para despertar naquela manhã com uma monstruosa dor de cabeça que permaneceu por três dias). Finalmente, após dias e noites de dor sem trégua, notarei um dia que a dor está passando. Quase hesito em reconhecer com receio de estar errado. Mas, sem dúvida algo em meu pescoço está bem e a dor começa a amenizar. Sinto-me como “ frango degolado fora do prato”, mas feliz por ter suportado. Meus braços não mais vão doer. Minha cabeça não mais vai doer. Meu pescoço vai doer só um pouquinho, o que é realmente “normal”. É como ver o sol renascer, após uma tempestade. É como sentir o silêncio, após um tremendo barulho. Vou ser capaz de mover a minha cabeça novamente. Minha mente vai relaxar... então, no dia seguinte, a dor está de volta!

Você não pode imaginar a sensação de ter suportado dias de dor, e finalmente achar que estes haviam terminado, para ter apenas um dia de descanso e tudo voltar ao mesmo, com redobrado furor. É a única vez em que as lágrimas me enchem os olhos e quando penso exatamente que não vou mais poder suportar.

Algumas vezes tento equilibrar meu viver com uma dor, sem chegar à insanidade mental, e fico numa corda bamba. Tentar equilibrar-se sobre uma corda é algo por demais difícil para se conseguir. Quando bate a “tortura”, sinto-me exatamente como se estivesse oscilando sobre uma corda.

A coisa mais importante a respeito da dor é que você jamais entregue os pontos. Se você for “vencido” pela dor, então será um sujeito derrotado – um escravo da dor.



Hiroshima – O Dia Seguinte



Mais uma verdade a respeito da dor. Ela vai desaparecer por algum tempo. Pode não ser completamente, mas talvez retroceda a um ponto em que se tornará suportável, ou então você se acostumará com a mesma, a ponto de ser capaz de melhor suportá-la.

Tento levar uma vida normal, sem permitir que a dor me cobre dividendos, tanto da mente como do corpo. Quando sofro um prolongado assalto de dor, sou grato quando ela desaparece. Porém fico emocional e fisicamente drenado. Você já deve ter visto o famoso quadro de Hiroshima, Japão, do dia 07/08/1945. É um retrato do dia seguinte àquele em que jogaram uma bomba atômica sobre a cidade. É um quadro de absoluta devastação. É como aquele quadro que eu me sinto após ter suportado um longo estágio de dor. Basicamente preciso de quase um dia para juntar os meus cacos. Depois de períodos não tão severos, sinto-me como uma velha sacola gasta ou como um molambo. Porém, se o estágio foi intenso e prolongado, sinto-me igual a Hiroshima.



Sou Miserável. É Maravilhoso!



Experimento dor de alguma forma e em certo grau, diariamente. Os nomes destinados às várias manifestações de minha dor descrevem melhor a maneira como estas me afetam. Como você pode ver, algumas são indubitavelmente piores do que outras. Por isso encontro dias que podem ser descritos como apenas miseráveis, os quais são muito melhores do que os dias que me parecem quase insuportáveis. Sinto-me grato pela dor menos intensa e mais que desejoso de suportar o máximo possível quando o “a crise aguda” desaparece.





Capítulo 3



Causa e Efeito



Se você tem uma pedra no sapato, que não pode ser removida, a maneira mais fácil de andar, a fim de evitar a dor, é não andar. Uma “dor no pescoço” não é a mesma coisa. Infelizmente, a dor que experimento em meu pescoço vai ficar aí, a despeito do que eu possa fazer. Contudo, existem algumas precauções que posso tomar, numa tentativa de evitar que o problema se agrave.

Como é de esperar, não tenho o hábito de levantar coisas pesadas. Embora não as levante com o pescoço, você o comprime, quando as levanta. Isso é especialmente verdadeiro quando você está carregando uma coisa pesada e em seguida olha ao redor, para escolher um lugar onde colocá-la. Isto significa que há muito tempo tenho desistido de ajudar qualquer pessoa a mover o refrigerador. Às vezes, para estacionar o nosso trailer na igreja onde vou pregar, sou forçado a desatrelá-lo do carro e empurrá-lo para um galpão ou andar térreo. Nesses casos sou extremamente cuidadoso em cada movimento que faço. Mas o fato é que, desde há muito tenho engolido o meu orgulho. Geralmente pergunto a alguém, que por acaso ali se encontre, se ele tem problema nas costas. Se não tem, eu lhe peço para empurrá-lo para mim. É bem mais fácil do que me prejudicar!





Você Vai Ter de Dormir Algum Tempo



Infelizmente, existem algumas coisas que você simplesmente não influenciaria ou mudaria em sua vida. Uma destas é o sono.

O sono é imprescindível. Todo mundo precisa dormir. Contudo, dormir é uma das piores coisas que posso fazer contra o meu pescoço. A razão é óbvia. Assumo, durante o sono, uma posição que me obriga a despertar com um torcicolo. Para mim um torcicolo, de manhã, não é algo que passe até o meio dia. Em geral ele degenera até eu ficar “congelado” ou numa dor de cabeça de três dias. Muitas vezes minha esposa tem despertado no meio da noite para me encontrar dormindo com a cabeça virada para um lado, ou fora do travesseiro. Ela, cuidadosamente, coloca minha cabeça de volta ao travesseiro e espera que eu não tenha provocado minha dor de amanhã. Algumas vezes tenho despertado para descobrir que meu pescoço está rijo e dolorido por causa posição em que estive dormindo. Então eu murmuro algo para mim mesmo como: “amanhã vai ser um dia divertido!” e volto a dormir, aguardando para ver o que acontecerá no dia seguinte. Na maioria das vezes ele nada me traz de bom.

Outras vezes, quando faço um movimento repentino durante o sono, de repente me sento ereto na cama, gemendo de dor. Então logo surge o problema. Tenho passado noites de tortura, nas quais cochilo, para logo em seguida ser despertado pela dor, a cada vinte ou trinta minutos. Você pode imaginar como é o dia seguinte, quando acontece uma combinação de dor e exaustão, por falta de sono. Mas não se preocupe. Dá para sobreviver.



O Frio – Um Inimigo Terrível



Nasci na parte nordeste de Ohio e cresci em invernos cheios de gelo e neve. Sempre adorei o inverno. Coisas como empurrar a neve, limpar a neve e patinar sobre a neve, eram freqüentes. Mesmo agora não consigo “odiar o inverno”. Contudo os anos me têm adicionado um fator novo – um pescoço quebrado. Fui diagnosticado como sofrendo de artrite cervical. Isso tem me levado a não considerar com antecipada alegria a chegada do inverno. O inverno para mim é um longo estágio. Torno-me prisioneiro involuntário em nosso pequeno trailer, durante todo o inverno, até a volta do calor do verão. Minha esposa e eu tentamos andar cerca de três milhas diárias. Contudo, no inverno, não me atrevo a sair para não enfrentar depois a perspectiva de passar várias horas com uma placa de calor aplicada ao pescoço, tentando amenizar a dor para conseguir movimentá-lo.

Morar o ano inteiro num pequeno trailer tem nos levado a situações únicas de batalha contra a dor. Uma das poucas coisas que fazem efeito no sentido de que o calor volte ao meu pescoço é encher uma banheira de água quente e nela mergulhar o pescoço durante cerca de uma hora. De certo, ficar transpirando durante cerca de uma hora após o banho, não é lá tão agradável, mas isso pelo menos consegue o almejado efeito para o meu pescoço. Mas o meu grande problema é que não consigo caber no espaço da banheira do nosso trailer. Esta possui 38 polegadas de comprimento por 17 polegadas de largura. Não são as proporções necessárias à submersão de uma pessoa adulta. Mesmo que a banheira fosse bastante grande para que eu nela coubesse, nosso aquecedor de seis galões de água, dificilmente iriam produzir água aquecida suficiente para aquecer toda a caixa d'água de uma vez. Desse modo, a melhor fuga que eu poderia conseguir da estação fria se torna impraticável.

A vida num trailer conduz a uma adaptação única de se dormir no inverno. Um trailer é apenas uma tenda glorificada. Aquecê-lo é bem diferente de aquecer uma tenda. Ele se aquece vagarosamente e esfria muito depressa. Quando o inverno se torna muito rigoroso é quase impossível permanecer aquecido dentro de um trailer. Isso piora à noite. Temos suportado temperaturas de até 10 graus negativos dentro do trailer. Não é nada agradável. Quando chega o inverno, torna-se uma prática normal dormir como uma tartaruga, a fim de manter um pouco de calor ao redor do pescoço. Quando a temperatura cai demais, vou para a cama acondicionado como alguém que estivesse embarcando rumo ao Polo Norte. Uso meias, calças impermeáveis, vários cachecóis, um suéter e um gorro tipo tobogã. Já aconteceu de termos despertado para ver tanto gelo na parte interna da porta do nosso trailer que não conseguimos abri-la. Tive de usar um aquecedor elétrico para derreter o gelo, a fim de poder abri-la. O teto do nosso quarto de dormir amanhecia cheio de gelo e até as roupas congelavam dentro do armário. Às vezes nossa cama ficava tão gelada que nos machucava, quando nela nos deitávamos. No dia seguinte saímos e compramos um cobertor elétrico para colocar sob o lençol. Não é preciso dizer que fico um tempão durante o inverno congelado demais para poder mover o pescoço. Mas sou abençoado, quando me sinto apenas miserável.

Durante o inverno raramente tento me aventurar fora de casa. Quando o faço, enrolo o pescoço, o máximo possível, para conservá-lo aquecido. Algumas vezes preciso fazer consertos no trailer, durante o inverno. Quando isso acontece, sou forçado a permanecer do lado de fora por um longo período de tempo. Quando estou do lado de fora, sinto o frio se arrastando sobre o meu pescoço. Tenho de aplicar bem depressa algum calor para aquecê-lo, logo que entro no trailer.



Não Olhe!



Uma das coisas mais simples e banais que eu posso fazer para magoar o pescoço é simplesmente voltar a cabeça para olhar alguma coisa. Isso é especialmente perigoso, quando o faço depressa. Até mesmo o simples fato de responder negativamente algo com um rápido movimento de cabeça pode me causar um sério problema. O problema é que esse tipo de movimento nem sempre me causa problema. Então, após ter-me prejudicado dessa maneira fico mais cuidadoso por algum tempo. Em seguida, relaxo e logo esqueço a precaução. Mas isso não causa efeito negativo. Então, certo dia, qualquer movimento feito, por menor que seja, para a esquerda ou para a direita, vai me deixar novamente inválido por algum tempo.

Muitas vezes isso acontece quando me sento reto numa cadeira e volto a cabeça para beijar minha esposa, que está ao meu lado. Verifico, então, que levantar o peso de minha cabeça para trás vai me causar dor. Minha esposa me beija, em seguida me segura a cabeça gentilmente e a coloca de volta à sua “posição correta e ajustada”.









Não Envelheça!



Uma coisa que nenhum de nós pode evitar é o fato de que todos nós ficamos mais velhos. A Bíblia diz em Hebreus 9:27: “Porquanto aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disto o juízo”. Cada dia que passa somos forçados a concordar em tudo com o nosso Deus. O processo de envelhecimento é inevitável. Desse modo, qualquer que seja o problema físico que hoje enfrentamos, ele na certa vai se tornar um problema maior, daqui a dez anos, se o Senhor adiar a sua vinda, por mais algum tempo.

Não conheço pessoa alguma com problema físico, que tenha conseguido mais alívio com o passar dos anos. O que se dá é exatamente o oposto. Os problemas crônicos simplesmente se tornam mais crônicos com a idade. Os que estão confinados a uma cadeira de rodas ou ao leito permanente são obrigados a travar lutas maiores contra as escaras e a degeneração muscular. Os nervos, penso eu, são como fios. Quando são sobrecarregados continuamente, começam a ficar instáveis e gastos. Não aceitam a sobrecarga, como o faziam antes. Acrescente-se a isso a “bênção” da artrite, em caso de osteoporose, e você descobre que a velhice é um inimigo mais difícil de se vencer do que George Foreman.

Seu objetivo deveria ser descobrir as coisas que você pode fazer, as quais o ajudarão a lidar com a dor, a fim não se transformar no escravo de um corpo mortal, pelo resto da vida. A velhice é contínua, porém não devemos desanimar.



O Calor é Algo Maravilhoso



Até mesmo durante o verão, uma noite fria pode me impossibilitar de mover bem a cabeça e visto como mergulhar numa banheira quente é impossível, só me resta “o calor portátil”. Como já mencionei antes, passo uma boa porção de tempo, durante o inverno, usando uma placa elétrica sobre o pescoço, num esforço de levar algum calor até os ossos. Algum tempo atrás, minha esposa comprou-me um aquecedor de pescoço que pode ser aquecido através do forno micro ondas. Parece com uma meia comprida preenchida de grânulos e costurada nas extremidades, com uma cordinha tipo fecho eclair a ele adicionada. Três minutos de micro ondas produzem uma hora de calor. A vantagem dessa meia aquecida é que posso usar o casaco sobre a mesma, conservando aquecido o meu pescoço e podendo, desse modo, sair de casa. Quando precisamos dirigir num dia frio, posso usá-la ao redor do pescoço durante a primeira hora o que dá ao carro o tempo necessário para ficar aquecido. Você pode até achar que isso não é tão importante, mas quando se encontra algo que de algum modo possa ajudar na luta contra a dor e contra a imobilidade deve-se dar um passo de gigante nessa direção positiva.

Há ocasiões em que temos de procurar um hotel para uma ou mais noites, em vez de ficar no trailer. Sempre tento tirar vantagem do fato de ter uma banheira grande para nela mergulhar até ao pescoço. Uma hora de banheira pode significar alguns dias sem dor. Apesar disso, nunca peço nem aceito ofertas para usar a banheira de alguém, numa igreja onde estou pregando. É simplesmente embaraçoso demais a ser feita, mesmo quão salutar possa vir a ser. Tenho de lidar diariamente com a dor, portanto uma coisa que costumo fazer é evitar que ela se torne assunto de atenção ou comentário. Simplesmente, não costumo andar por aí pedindo banheira emprestada às pessoas deixando minha esposa e filhos ocupando sua atenção, enquanto estou imerso. Pode parecer que uso o seu banheiro apenas para que alguém pergunte: “Como está se sentindo”? – “Sinto-me miserável, seu idiota, e agora vamos falar de outro assunto”.

Muitas pessoas, com a melhor das intenções, quase me forçam a aceitar sua ajuda, quando descobrem que tenho um problema físico. Nunca falo publicamente sobre a minha dor. Ela não está aberta à discussão. Algumas vezes, quando estou com meus amigos íntimos, o assunto vem à baila, porém me ressinto e rejeito tentativas feitas pelas pessoas no sentido de discuti-lo e ofertas de ajuda, mesmo bem intencionadas nunca são aceitas.



Adoro - Duplamente – o Futebol



Nasci e cresci em Massillon – Ohio, lugar em que nasceu o futebol profissional. O estádio de futebol de nossa escola secundária tinha capacidade para 26 mil pessoas. O falecido Paul Brown, fundador dos times profissionais, Cleveland Browns e Cincinnati Bengals, foi durante certo tempo o treinador do time de nossa escola secundária, o Massillon Tigers. Earl Bruce, um bem sucedido ex-treinador de futebol da Universidade Estadual de Ohio, também foi treinador no Washington High. Chris Spielman, o juiz do Detroit Lions, era um ex-Massillon Tigers. Quando se vem de Massillon, Ohio, aprende-se a respeito do futebol muito cedo, passando a amá-lo pelo resto da vida.

Embora eu fosse pequeno demais para jogar futebol na escola secundária, eu jogava um bocado de “futebol de areia” com outros garotos da vizinhança. Algumas vezes, quando não conseguíamos encontrar alguém para jogar futebol, todos nós nos mandávamos para o velho beisebol de campo e nos enfrentávamos com tacos, uns aos outros. Embora eu não seja fanático por futebol, a ponto de ignorar as coisas sérias da vida, ainda gosto de assistir um jogo, ocasionalmente. Não temos televisão em nosso trailer nem no carro, de modo que apenas consigo ver jogos ocasionais de futebol em casa de parentes, durante as férias.

Uma das coisas que sempre amei no futebol é a ocasião de dar e receber pancadas fortes! Tem sido sempre uma sensação maravilhosa sair da linha e esmagar o oponente que nos enfrenta. Ainda tenho problema com um joelho que machuquei num futebol de areia.

Contudo há uma segunda razão para que eu adore o futebol. Nos idos de 1973, quando sofri a fusão cervical, perguntei ao médico se ainda poderia jogar futebol após aquela cirurgia. Ele disse que não haveria razão alguma para que eu não pudesse continuar a participar desse jogo que eu tanto amava (depois disso, um lutador de boxe profissional, que teve o pescoço quebrado numa batida de carro, voltou ao ringue, depois de uma fusão).

Durante anos após a fusão, com a garantia do meu médico, apreciei muitos jogos de futebol. Nos anos em que fui diretor da juventude apreciei “bater e apanhar” dos jovens de minha classe no futebol de areia. Futebol violento – futebol de verdade.

Nove anos após a cirurgia, assumi o pastorado de uma igreja rural, no extremo sul do Estado de Nova York. Muito antes de lá eu chegar, havia sido instituída uma reunião de oração para os homens, todo sábado, ás 7 horas da noite. Depois que lá cheguei, acrescentei uma hora de futebol – de 6 às 7 horas da noite - logo antes da reunião de oração. Futebol violento – futebol de verdade.

Eu havia começado a experimentar dor crônica no pescoço e nos braços, cinco anos após a cirurgia. Meu braço direito era o mais severamente afetado pela dor, com uma tendência a ficar paralisado. Eu ainda estava certo, nesse tempo, de que a dor iria desaparecer algum dia e tudo voltaria ao normal. Em 1984, a dor havia se tornado insuportável. Eu experimentava dor aguda por mais de 20 ou 25 dias, cada mês. Podia ficar sentado, quieto, quando de repente, um flash agudo de dor atingia o meu braço direito, do ombro até à mão direita. Vinha sem aviso, sem preparo para aceitá-la. Eu apenas me debatia. Havia uma dor lancinante em meu pescoço e no braço direito. Alguns dias eu sentava durante horas no escritório, sem fazer coisa alguma, a não ser friccionar meus braços em agonia. Havia tentado tudo que era imaginável para acabar com a dor. Ajuste neurológico, terapia, tração portátil, porém nada havia funcionado. Finalmente, um dia, em meu escritório da igreja, fiz esta oração: ”Pai, se queres que eu sinta dor o tempo inteiro, aceito a tua vontade. Mas esta dor está me levando à loucura. Isso não é bom para ti, não é bom para mim e nem para pessoa alguma”.

Logo após esta oração, engajei-me num dos nosso jogos de futebol de sábado à noite. Embora eu adorasse jogar na linha, fiquei muito feliz em arremessar a bola. Mesmo batendo e recebendo pancadas, não senti medo algum. Num proverbial “último lance do jogo” fui convocado a fazer uma corrida final. Saí a toda e fui direto até à linha do gol e caí por terra. Exatamente na linha do gol, fui atacado por um jogador adversário. Quando caí, esparramei-me pela linha de fundos, de modo que minha inércia me permitisse cair dentro do final da zona da trave. Como estava caído na linha de fundo fora de jogo e indefeso, um dos homens da igreja me bateu com toda a força do lado oposto. Senti um barulho no pescoço, como o ranger de uma tábua de 2 por 4, rachando ao meio. Milhares de agulhas me espetaram o braço esquerdo. Este ficou insensível e semi paralisado. Deitei-me de costas, mergulhado em dor, durante dois ou três minutos, até que consegui me recompor. Então informei os homens, que me olhavam com rosto preocupado, que eu achava ter quebrado outra vez o meu pescoço.

Fui colocado cuidadosamente no carro e levado para o hospital local. Quatro horas mais tarde o Raio X revelou que o meu pescoço não fora quebrado. O médico residente determinou que eu o aquecesse bastante e que iria sentir o efeito do acidente por quatro ou cinco semanas. O acidente aconteceu em 30/06/84. Somente em setembro daquele ano foi que meus dedos médio e indicador da mão esquerda finalmente recuperaram a sensibilidade.

Durante algum tempo, após esse dia, fui chegando lentamente à conclusão de que o acidente havia alterado algo em meu pescoço. Notei que já não sentia mais lances de dor em meu braço, e que a dormência havia desaparecido de fato. Até hoje (12 anos), só experimentei aquele ataque agudo de dor nos braços umas doze vezes. O Senhor havia “ajustado” o meu pescoço. É claro que não sou tão tolo, a ponto de sair por aí dizendo que o futebol é bom para mim, pois esse foi o meu último jogo de futebol. Não é que eu tenha medo de me machucar. Só não quero é “fazer bobagem”. Poderia proclamar o quanto sinto falta de um jogo de futebol. Contudo, me alegro ao assistir um jogo amador ou profissional. Sempre fico ligado. Mas então agradeço a Deus por ter respondido minha oração e resgatado minha sanidade mental. Ele permitiu que aquele jogo de futebol fizesse por mim o que os médicos e os tratamentos não haviam conseguido fazer.

Ainda agradeço a Deus, de tempos em tempos que aquele jogo de futebol tenha me libertado da dor insuportável que eu vinha sentindo.



Capítulo 4



Remédios e Tratamentos



Não tenho o hábito de falar com as pessoas, em conversas públicas, a respeito de minha dor. Falar inocentemente com alguém sobre o meu problema físico causa embaraço a essa pessoa. Descobri que é duro demais ter de lidar, diariamente, com uma dor real e física. Ter de encaixá-la como parte também, de minha conversação diária de vida, só lhe renderia muito mais tempo. Seria mais do que consigo suportar. Contudo, é inevitável que as pessoas descubram. Quando o fazem, você fica o resto da vida rodeado de médicos amadores, os quais têm em seu bolso traseiro a cura perfeita para tudo. Todos eles parecem bem. Com o passar dos anos, tenho tentado o que os médicos prescreveram, o que os amigos sugeriram e tudo o que parecia funcionar. São estas algumas das sugestões de ajuda que recebi durante anos.



Os Médicos



Fui colocado em tração durante a semana que antecedeu à fusão cervical. É impossível que não tenha havido tempo suficiente de se constatar se algum nervo ainda estava comprimido em meu pescoço. Não sei. Um dos primeiros tratamentos que o meu médico ofereceu para aliviar a dor crônica no pescoço e nos braços foi a tração. Recebi uma unidade de tração para usar em casa. Ela consistia de um aparelho que era colocado sob o queixo, com uma corda que passava sobre uma pequena roldana, a qual era atada no alto de uma porta, a uma sacola plástica, que devia estar cheia d’água até atingir o peso desejado. Devo dizer que se houve algo que jamais funcionou foi essa tração. Quantidade nenhuma de água ou de tempo parecia produzir sequer a mais leve mudança em minha condição. Ainda tenho essa unidade de tração em algum lugar. Espero que minha vida jamais dependa da necessidade de encontrá-la depressa. Especialmente por estar armazenada num sótão de velharias em Ohio e tenho ficado fora do Estado, pregando, a maior parte do tempo.

Não estou dizendo que se você tem problema no pescoço a tração não possa ajudar. Coisas diferentes podem funcionar em tipos diferentes de problemas. Sempre recomendo que pelo menos se experimente.

Tentei também terapia em meu pescoço. Nos anos que se seguiram à cirurgia, eu ia até o hospital do meu médico para fazer exercícios. Isso também não conseguiu eliminar a dor. Tentei várias coisas sugeridas pelo médico, mas nada funcionou.

Em seguida, tentei ir novamente a um neurologista. Nesse tempo estava pastoreando uma igreja na parte sul do Estado de Nova Iorque, de modo que não pude voltar ao neurologista que havia sido o primeiro a diagnosticar o meu pescoço quebrado. O neurologista de Nova Iorque não era aquele da escola. Ele tinha um aparelho manual que parecia uma pequena seringa de aço inoxidável. Era movido por uma mola. Ele o colocava no “local do problema” e o comprimia com uma pequena pancada, com a ponta da seringa. Em meu caso ele também parecia estar batendo em concreto. Isso também não surtiu efeito. Depois de um ano ele desistiu desse tratamento.

A próxima coisa que esse homem quis experimentar foi me colocar pendurada na cintura uma pequena bateria com fios que iam até o meu pescoço. Esses fios eram carregados de corrente elétrica. A teoria era de que os impulsos elétricos da bateria serviriam para neutralizar a dor. Mas havia dois problemas com essa maravilha elétrica.

O primeiro problema era que se tratava de um sistema não confiável e incômodo. Nunca conseguimos chegar à “freqüência” correta, que diminuiria a dor do meu pescoço. Junte-se a isso o fato de que eu teria de andar por aí com os fios pendurados em meu pescoço! Sutil. Muito sutil! Eu me sentia como um monstro sombrio usando aquela coisa.

O segundo problema foi que achei inaceitável a filosofia oculta nesse tratamento. Eu queria tratar o problema, meu pescoço quebrado. Esse tratamento visava tratar, com efeito a dor. Você não pode se fixar na dor. Se você se preocupa com ela, logo descobrirá que se tornou o seu escravo. Nunca tive a intenção de permitir que tal acontecesse. Desistimos, também, dessa tentativa, que de qualquer modo não havia funcionado. Pouco tempo depois deixei de ir ver esse médico.

Nesse tempo aconteceu o meu “ajuste do futebol”, o qual fez o que nenhum médico ou tratamento tinha sido capaz de fazer. Corrigi um aparente desajuste em meu pescoço. Até hoje colho o benefício dessa ocasião e louvo sempre o Senhor pela Sua graça em fazer o ajuste, sem permitir um dano maior. Como já mencionei, deixei de jogar futebol, depois disso, por não desejar que acontecesse qualquer coisa que me mandasse de volta àqueles “velhos dias maus”. O mais temível é que eu descobri que havia movimentado algo em meu pescoço, que supostamente não poderia ser movimentado. Imagino que se “o inamovível” pode ser movido uma vez, pode ser movido duas vezes, talvez com resultados menos positivos da próxima vez. Por essa razão não permitirei que neurologista algum me ajuste o pescoço. Não quero terminar paraplégico por causa de um simples ajuste no pescoço. Pode até acontecer. E talvez não. Mas não quero arriscar!

Certa vez, anos depois, enquanto eu dirigia uma reunião em Seatle, na área de Washington, ouvi falar sobre um médico que tinha um tratamento exclusivo para problemas de pescoço. Fui procurá-lo, visto como estivera experimentando problemas no pescoço, acima do ponto da fusão cervical, e achei que ele poderia ajudar.

A sessão de tratamento levou apenas uma meia hora, entretanto o tempo gasto no consultório foi de oito horas, devido às aulas de orientação, de Raios X, de um repouso de duas horas que se seguia ao tratamento, mais a espera em sua sala para ser tratado. O aparelho usado no tratamento parecia um pouco pesado, com uma grande furadeira montada no alto do mesmo. O paciente deitava sobre o banco, do lado direito ou esquerdo. Uma agulha era baixada até o ponto apropriado sobre o pescoço e um circuito era acionado. Numa fração de segundo o aparelho disparava na direção de um determinado ponto sobre o pescoço e lhe aplicava cerca de cem libras de pressão no ponto visado para alinhar as vértebras. Isso acontecia num instante e causava mais surpresa do que desconforto. Fiquei deitado durante o período prescrito de duas horas e em seguida voltei ao trailer, com minha esposa dirigindo, conforme me fora exigido. O tratamento pareceu ajudar e ainda estou livre da maior parte dos problemas de torcicolo que havia experimentado.



Drogas! Uma Decisão Crítica



Enquanto ainda morava na área em que havia sido realizada a fusão, eu ia ao mesmo médico que havia feito a cirurgia para tratar o meu pescoço. Eu sabia que ele tinha desistido da idéia que havia tido de um tratamento com injeções regulares de cortisona, a fim de afugentar a dor. A cortisona é um corticosteroide hormonal. É produzida pelas glândulas supra renais. É usada pelo corpo como proteção contra moléstia e choque.

A cortisona foi descoberta em 1935/36. A cortisona artificial foi produzida dez anos mais tarde. Ela é usada no tratamento de inúmeras moléstias. A cortisona não cura doença alguma. Ela apenas atenua os sintomas da condição a ser tratada.

Apesar dos seus atributos, a cortisona também apresenta efeitos colaterais. Alguns desses podem ser considerados mínimos, outros severos e até mesmo perigosos. Um dos efeitos colaterais da cortisona consiste em queda de pressão sangüínea, mudança de humor, rosto inchado, cifose, úlceras pépticas, aumento de risco às infecções, osteoporose, catarata e distúrbios fisiológicos. De fato, após um prolongado tratamento, quando essa droga é abruptamente retirada, o paciente pode até chegar à morte.

Agora, você está realmente admirado de que eu a tenha recusado?

Muita gente com dor nas costas e no pescoço acha que existem vários exercícios para fortalecer os músculos afligidos, os quais eventualmente aliviarão o desconforto. Isso parece ser especialmente verdadeiro no caso de dor nas costas. Certa vez um homem contou-me que se uma pessoa com dor nas costas pudesse ficar cinco minutos por dia pulando levemente sobre um mini trampolim, o resultante fortalecimento dos músculos dorsais aliviaria a maior parte da dor. Isso mereceria uma experiência de alguém com dor nas costas. Iniciei mais programas de exercícios do que um homem gordo faz dietas. Invariavelmente eu terminava puxando algo em meu pescoço, magoando-o por duas ou três semanas e depois deitado de bruços por seis meses, antes de tentar novamente sem desistir de me exercitar, mas fico sempre “pior” em vez de “melhor”.

Você vai ter de lidar com a dor, predominantemente em casa. Você vai ter de encontrar algo que o ajude na batalha contra esse inimigo incansável. Tenho tentado várias coisas, ao longo dos anos. A seguir, dou uma lista do que pessoalmente achei de utilidade.



Água Quente



Como antes mencionado, geralmente alívio. Esse é simplesmente o remédio mais eficaz que encontrei até hoje. Também conforme mencionado antes, não há meio possível de fazê-lo, quando se vive na estrada, num trailer de viagem, como é o nosso caso.

A maioria das reuniões de pregação começa no domingo e termina na sexta-feira. Isso transforma o nosso sábado no “dia de dirigir” até o próximo local de reunião. Algumas vezes quando as reuniões terminam na quarta ou quinta feira, é porque precisamos de dois dias para chegar ao local da próxima programação. Em casos assim, geralmente, em nossa rota de viagem estacionamos num “camping”, a fim de passar a noite. Algumas vezes durante o inverno temos de pernoitar num motel, em vez de ficar num “camping”, pois assim tenho acesso a uma grande banheira cheia de água quente. Muitas vezes tenho suportado semanas de dor, até uma desesperada pernoite a um motel para mergulhar numa banheira.



Calor Portátil



Visto como não posso mergulhar regularmente meu pescoço, volto-me para a melhor possibilidade. Deixo-o repousar sobre alguma coisa quente. Encontrei duas fontes excelentes para esse “calor portátil”.

A primeira é a placa comum de calor. Tenho passado muitas horas lendo a minha Bíblia, com uma placa de calor sob o pescoço. Embora a placa ajude, não é assim tão eficaz. Tenho observado que o alívio experimentado com o seu uso não perdura muito, depois que o deixo. Contudo, em invernos rigorosos, o que significa “dor forte” para mim, tenho de passar a melhor parte do dia deitado sobre uma padiola quente, de modo que possa movimentar a cabeça naquela noite, quando estiver pregando. Muitas vezes tenho passado a maior parte do dia sobre a mesma, para então agüentar o tempo necessário para pregar e então voltar à ela, logo que termine o culto.

Minha esposa é verdadeiramente uma mulher maravilhosa. Ela está sempre procurando a melhor maneira de me ajudar, tanto no ministério como em nossa vida. Certo dia, vindo das compras, ela entrou no trailer e me entregou sua maior aquisição. Parecia uma meia que fora recheada de areia e em seguida costurada á mão em cada extremidade. As instruções diziam que deveria ser colocada no forno micro ondas, durante três minutos para em seguida irradiar calor durante cerca de uma hora. Pois não é que funcionou! Este aquecedor micro ondas de pescoço tem duas óbvias vantagens sobre a placa de aquecimento. A primeira é que ela se adapta à forma do pescoço melhor do que a placa. Isso a coloca mais perto do problema. A segunda é que quando preciso sair durante o inverno, posso colocá-la ao redor da parte traseira do pescoço, e não apenas manter o frio longe do meu pescoço, mas irradiar calor para dentro do mesmo, enquanto estou fora.

Estranhamente, o calor irradiado pelo aquecedor do meu pescoço parece ter efeito mais duradouro do que a placa de aquecimento. É um “calor úmido”, que parece penetrar melhor. Ela não suplantou completamente a placa de aquecimento, mas tem desempenhado um papel extremamente importante junto à mesma, no combate à minha dor.



“O Amortecedor”



Outro companheiro constante nessa interminável batalha é “o amortecedor”. Este aparelho é realmente um mensageiro de mão dupla e é muito semelhante a um aspirador. Sempre que estou “congelado” minha esposa, em geral, massageia meu pescoço e costas com esse “amortecedor”. Isso tende a me relaxar um pouco os músculos. Também costumo usá-lo sobre a cabeça para afugentar as dores de cabeça que acompanham o meu problema.

“O amortecedor” tem-me dado um alívio temporário, que em geral dura o tempo suficiente para concluir algumas tarefas rápidas.

Dentro dessa linha, há um aparelho relativamente novo, que opera como dois dedos rotativos que auxiliam a relaxar os músculos de um pescoço muito rijo. Logo que vi esse aparelho não lhe dei muito crédito. Então, certo dia, quando o meu pescoço estava “congelado” e uma dor ameaçava tomar conta da parte superior da minha cabeça, tentei usar o de um pastor amigo. A máquina é bastante adaptável e pode ser colocada na horizontal e desliza pela cabeça abaixo, de modo que os dedos rotativos podem massagear os músculos do pescoço. Os dedos podem mudar de direção conforme a força elétrica. Uma coisa que aprendi, ao correr dos anos, é que nada age imediatamente. Sempre que magôo o pescoço, ao fazer um movimento rápido, sei que se passarão horas antes que a dor seja debelada. O alívio nunca é imediato. Posso usar “o amortecedor”, ou a máquina de dedos rotativos, e nunca sei se surtirão efeito até o dia seguinte. Bem, no dia seguinte ao uso da máquina de dedos rotativos, posso mover um pouco minha cabeça. Algo que levaria dois ou três dias, naturalmente. Encontrei outro ajudador e agora já possuo um.



Vitaminas e Ervas



Acredito no valor de incluir vitaminas como suplemento alimentar numa dieta regular. Não creio que “tudo que ingerimos seja veneno”, se não for vitamina. Mas reconheço o valor destas em manter uma boa saúde. Contudo, não posso tocar trombeta para anunciar o seu valor na batalha contra a dor.

Estou sempre desejoso de experimentar vitaminas e ervas na tentativa de manter minha saúde. O fato triste é ser quase impossível dizer se elas estão ajudando. Jamais ingeri qualquer vitamina ou erva para em seguida notar uma diferença. Entendo que em muitos casos elas têm de penetrar em seu sistema, a fim de poderem ajudar (ou pelo menos esse é um bom argumento da propaganda feita pelos proponentes), mas a despeito disso, jamais fui capaz de ver qualquer mudança drástica com o seu uso. Por favor, entenda, tomo sempre suplementos vitamínicos. Mas eu os tomo para minha saúde em geral, e não contra a dor. (Por favor, não me envie sugestões).

Há uma coisa a respeito das vitaminas e ervas que acho quase insuportável. Os seus promotores! Mais de uma vez tenho estado em absoluta agonia por causa da dor no pescoço e na cabeça. Então, algum gênio engulidor de vitamina me olha como se eu fosse o mais estúpido animal bípede e indaga ostensivamente: “Você toma vitaminas?” Ou então: “Já usou escalda pé de raspa de carvalho?” Ou ainda: ”Você já fez inalação de raiz seca de dente de leão?” Em seguida, antes que eu possa indagar: “de que vitamina você está falando?” ele anuncia frivolamente: “Tome vitamina Z-28 e nunca mais sentirá dor”.

Logo depois, tendo mandado passear outro tolo ignorante sobre como é fácil livrar-se da dor, todos eles logo dão o fora. (O que faz com que a gente se livre de uma dor no pescoço). Ainda bem que se foram, pois quando estou “sob a influência” de uma dor extrema e sou confrontado por um arrogante “perito em saúde”, perco logo a paciência. Sua fuga ajuda a me livrar de dizer, ou fazer, algo de que possa me lamentar mais tarde, na privacidade de uma cela na cadeia.



Aspirinas e Analgésicos



Aspirinas são simplesmente os tipos mais comuns de analgésicos que me permito ingerir. Quando um estágio de dor me abate e perdura durante semanas, eu me volto exclusivamente para as aspirinas. Contudo, não as uso indiscriminadamente. Não quero me tornar um dependente de pílula alguma. Claro que o uso contínuo de aspirina, ao longo dos anos, tem causado sérios danos ao meu estômago. Por esse motivo é que sou muito cuidadoso a respeito das aspirinas que tomo. O segredo é ser capaz de julgar se uma leve dor de cabeça “vai passar” ou “vai ficar”. Se ela passar logo, não vou precisar de aspirina. Se ela vai ficar algum tempo é preciso “mandá-la embora bem depressa”, ou então ela vai aumentar rapidamente, ficando três ou quatro dias, de modo que nada mais fará efeito. (Estou com uma dessas, agora. Deixei de tomar aspirina e ela está aqui por alguns dias).

Na tentativa de preservar meu estômago, tenho tentado tomar aspirina em cápsulas. São aspirinas que devem passar pelo estômago para se dissolver no intestino, desse modo salvando teoricamente o estômago. O problema aqui é duplo. Primeiro elas quase não fazem efeito contra a minha dor. Segundo, imagino que se uma aspirina dissolve em meu estômago, ela o prejudica. Então o que acontece quando uma aspirina se dissolve no intestino? Não é um pensamento assustador?

Tenho tentado a maioria dos analgésicos disponíveis no mercado com variados graus de sucesso. Tilenol nem sequer toca em minha dor. Outros, como Ibuprofin, operam esporadicamente.

Até agora tenho recusado terminantemente receber qualquer analgésico controlado para a minha dor. Por que? Porque talvez funcionassem! Tenho medo de me tornar um usuário indiscriminado de drogas controladas. Conheço muita gente que se tornou viciada em analgésicos controlados. É muito fácil dizer: “Bem, vou ser bem cuidadoso em usá-los”. Mas o problema é que você não pensa tão racionalmente quando está experimentando uma sessão regular de tortura causada pela dor. É muito fácil engolir mais pílulas. “Só mais uma agora”. A próxima coisa que você vai descobrir é que ficou viciado. Não tenho descartado totalmente os analgésicos controlados. Eles podem acontecer no futuro, mas tenho combatido a dor por mais de vinte anos e pretendo continuar combatendo-a até que não haja outro recurso, além da das drogas controladas. Ainda não cheguei lá.



Me Chame de Amanhã



Todos nós já temos ouvido falar de pessoas que entraram em contato com o médico por telefone com um problema, para ouvir apenas: “Tome duas aspirinas e me chame de manhã”. Não é uma desculpa. A combinação de aspirina e sono é uma das melhores coisas que se pode fazer para combater a dor. Muitas das vezes em que tenho tomado um analgésico e este não funciona, foi porque eu o tomei e logo saí para ensinar ou pregar. Se tivesse podido tomar as pílulas, deitar-me e dormir algumas horas, elas poderiam ter funcionado. Em casos extremos, tomo aspirina, mergulho numa banheira, “amorteço” o pescoço, depois me deito e durmo por umas duas horas. O resultado é impressionante.

A maior parte de minhas reuniões acontece de domingo até sexta feira. Temos conseguido dirigir até 16 horas, em dia de viagem. Se me atrevo a sentir uma dor de cabeça durante uma dessas viagens, já sei que vou entrar num tempo horrível. Quando isso acontece, chegarei à igreja, estacionarei o trailer, tentarei ser cordial com o pastor e depressa me retirarei para “o amortecedor”, as aspirinas e a cama. Em ocasiões em que não tenho podido fazer isso, tenho ficado fisicamente desgastado por causa da dor e da força de vontade exigida para cumprir o meu dever. Tão certo como o sono pode ser inimigo, se eu durmo em má posição, é prejudicial ao meu pescoço, ele também pode ser um grande aliado, se eu for dormir logo após ter ingerido algumas aspirinas contra a dor.



Hipnose



Tenho sido aconselhado por “peritos” (todo mundo é um perito em aliviar a dor) a tentar o hipnotismo, a fim de ajudar a lidar com a dor. Recuso terminantemente! Para ser hipnotizado você precisa se tornar passivo e permitir que sua vontade seja controlada pela outra parte. Isso é um convite ao problema. Problema espiritual! Não é que eu tenha medo de que a pessoa que vai me hipnotizar possa me levar a fazer algo que eu jamais faria sob outras circunstâncias. É que uma pessoa no estado passivo (como quando assiste TV) fica vulnerável a espíritos que não são necessariamente amistosos com relação à mesma. Quando você entrega o seu controle a alguém mais, não pode estar certo de quem vai tomar esse controle, ou como terá vontade de abandoná-lo novamente. A hipnose não deve ser considerada para combater qualquer dor ou problema algum da vida.



Pontos Nevrálgicos



Certa vez, numa reunião, ouvi a esposa de um missionário falando com alguém sobre “pontos nevrálgicos” e como a dor poderia ser estancada, quando se aplica pressão nos lugares apropriados. Naquele tempo eu estava mergulhado, já há dois dias, numa horrenda dor de cabeça, de modo que pedi àquela senhora que mostrasse à minha esposa como aplicar a pressão de maneira apropriada. Elas me puseram deitado de costas sobre uma mesa em uma sala de Escola Dominical e pressionaram dois locais, na base do meu crânio. Embora fosse um pouco desconfortável, não era insuportável. Cerca de uma hora mais tarde a senhora me perguntou como eu me sentia. Respondi-lhe que a minha dor de cabeça estava diminuindo, o que era verdade. O que não lhe disse é que estava sentindo uma dorzinha descendo pelo meu braço direito. Não sabia se esta iria passar logo, ou não, e não desejava acrescentar um comentário negativo ao que fora obviamente um auxílio favorável, de modo que não a mencionei.

No dia seguinte saí da cidade, numa daquelas raras ocasiões em que devia deixar a família e viajar sozinho para uma reunião. Iria dirigir apenas quatro horas. A primeira coisa que notei, de manhã cedo, antes de partir, foi que a dor em meu braço direito havia aumentado consideravelmente. Nada disse à minha esposa. Não gosto de sobrecarregá-la continuamente com os meus registros de dor. Logo que peguei a estrada os problemas começaram a se multiplicar. A dor do braço tornou-se intensa! Notei também uma sensação de picadas descendo pelo meu braço direito, enquanto a dor ia aumentando mais e mais. Falei com o pastor e em seguida bati em retirada para um motel. Durante os próximos cinco dias, “amorteci” meu pescoço e mergulhei numa banheira. Sofri mais três dias de agonia, antes que a dor do meu braço direito se acalmasse. Ainda experimento dormência em meu antebraço direito e em meus dedos médio e anular. Amaldiçoei os pontos de pressão. O que isso significa? Significa que jamais permitirei que qualquer pessoa use os meus “pontos nevrálgicos”, até que algum dia, no futuro, quando eu estiver sofrendo há cerca de uma semana uma dor extrema na cabeça, queira trocar essa dor de cabeça por três ou quatro dias de dor e paralisia em meu braço. Não existem soluções simples, quando se convive com a dor.



O “Controle Remoto”



Já se passaram vinte e três anos (1996) desde que eu quebrei o pescoço. Divido esse período de tempo em duas etapas, cada uma de onze anos de duração, e cada uma como uma crise principal no final dessa etapa de onze anos. Cada período de onze anos foi encerrado com um ato de abençoada intercessão pela qual Deus salvou minha sanidade mental.

A primeira crise com o respectivo remédio já foi discutida. Foi o problema que eu tive de experimentar dor profunda e intensa nos braços durante longos períodos de tempo. Quando eu soube que nada havia a ser feito para aliviar o meu problema, Deus permitiu que uma indiscriminada batida de jogo de futebol de areia fizesse o que médico nenhum havia sido capaz de fazer durante onze anos. Minha sanidade mental foi salva.

Onze anos depois desse evento fui confrontado com outra crise de sanidade mental de ameaçadoras proporções. Dessa vez, a culpa foi devido a extremos e intensos períodos de dor de cabeça. Estava sofrendo dores de cabeça que perduravam dias e semanas, cuja intensidade beirava a insensibilidade mental. O “amortecedor”, a água quente e a placa de calor de nada serviam. Estava consumindo toneladas de aspirinas e meu estômago estava pagando um alto preço. Minhas orações eram as mesmas dos onze anos anteriores. “Senhor, aceito toda dor que desejares que eu sofra, mas já cheguei ao ponto de perder minha sanidade mental por causa disso e não serei útil, de modo algum, a quem quer que seja”. Como no primeiro caso, não tinha esperança alguma de alívio. Apenas um mês depois de ter começado a escrever este livro, Deus me enviou sua graciosa ajuda.

Logo depois disso, estava eu pregando numa igreja em Cedar Rapids, Iowa, quando entrei numa conversa com um irmão em Cristo, o qual havia sofrido um dano cervical semelhante ao meu. Ele me falou da grande quantidade de dor de cabeça que estivera sofrendo como conseqüência desse dano. Obviamente, eu entendia a situação dele. Então ele me falou de um pequeno aparelho que havia fabricado para contornar o problema. Era nada mais que um ignidor de centelha elétrica usado num grill de forno. Era uma coleira redonda rodeando uma catapulta vermelha. Ao acionar-se o botão vermelho ela produz uma chama no lado oposto, semelhante à chama de ignição de um automóvel. Ao redor desse ignidor ele havia afixado duas pequenas peças de tubo plástico. A peça de cima tinha uma 1 ½ polegada de comprimento e a extremidade tinha uma polegada de comprimento. Essas seções do tubo eram separadas por uma fina peça de metal dobrado como os dedos de uma seringa. A gente podia segurar o “controle remoto” como uma seringa, pressioná-lo contra o pescoço e descomprimir a catapulta com o polegar enviando uma carga elétrica para dentro da pele. O aparelho completo tem apenas quatro polegadas de comprimento.

A teoria a respeito desse aparelho é que, supostamente, a carga elétrica estimula os nervos e permite que maior quantidade de sangue atinja os nervos terminais, o que, por sua vez, alivia a dor. Se isso acontece ou não, eu não sei. O que sei é que reduz grandemente a dor do meu pescoço. Ele me havia dito que, a fim de aliviar uma dor de cabeça, você deveria usar o “controle” na parte traseira do pescoço, na membrana entre os dedos polegar e indicador e na parte superior dos tornozelos. Parece loucura? Sim! Funciona? Sim! Ele me deu um. Havia adquirido o ignidor numa loja de ferragens, por menos de dez dólares. Eu o tenho usado bastante, desde esse tempo. Eis o que tenho descoberto. Como no caso das aspirinas, preciso deter uma dor de cabeça antes que ela se instale. Se o faço, consigo neutralizá-la, antes que piore. Se a dor de cabeça se instala, preciso usar o tratamento completo de calor, aspirinas, etc. então, como um louco, uso o “controle” em meu pescoço e depois vou para a cama. No dia seguinte, a dor de cabeça já se foi. O que teria significado semanas de dor insuportável foi reduzido a um dia de dor insuportável. Nem posso dizer-lhe o quanto significa esta bênção!

O “controle remoto” é pequeno e pode ser carregado no bolso do casaco. (Embora eu não me imagine tentando passar com ele por um detetor de metais. Não é uma arma, mas imagine eu tentando explicar à segurança do aeroporto o que ele significa!) Tenho-o usado quase em toda parte. Estou usando-o enquanto escrevo este livro! Tenho experimentado alívio quase imediato até um certo ponto. Quando este ficar ruim, pretendo fazer outro, logo que puder. Mais uma vez. Foi uma coisinha simples, como um jogo de futebol que resgatou minha mente da ameaça da insanidade. Isso me leva a imaginar qual será o meu problema nos próximos onze anos. Mas gosto de pensar que o Senhor já terá regressado e que estarei no céu, gozando o meu novo pescoço.



A Dor que Jamais Desaparece



Ao longo dos anos, uma das dores mais inevitáveis tem sido o conselho não solicitado de muitos peritos da vida. Alguns são arrogantes e idiotas. Alguns são pessoas bem intencionadas. Alguns são pessoas que jamais entenderão que todas as respostas não são tão simples como apagar algo ou engolir umas pílulas. Não importa o que seja, as intermináveis receitas e sugestões esgotam minha paciência, até à beligerância. Sou cordial. Sou polido. Geralmente balanço a cabeça e comento: “sim, ser pendurado pelos pés num avião voando a 10.000 pés de altura poderia aliviar a minha dor”. (Assim também me faria uma bala no crânio, mas ainda não pretendo usá-la). Com toda a dor inevitável, você pode achar que isso é loucura. Bem, se é ou não, a gente quer que as pessoas se vão para a gente ficar sozinho.











Capítulo 5



Convivendo com a Dor



Existem vários inconvenientes em se conviver com a dor constante. A maior dificuldade nesse caso é a possibilidade de que sua mente fique sobrecarregada pelos constantes assaltos, até simplesmente levá-lo à insanidade mental. Não é uma declaração absurda. Sua mente só pode tolerar uma certa quantidade de carga dos terminais nervosos que acompanham um contínuo “alarme de dor”. Uma dor de qualquer intensidade, que persiste durante vários dias ou semanas, pode sobrecarregar a habilidade mental de lidar com as mensagens nervosas. Então, como um circuito elétrico sobrecarregado, acontece uma “ruptura”. Melhor falando, você enlouquece. A dor se torna um pensamento fixo e ... a batalha está perdida. Vou dar apenas um rápido exemplo. Um só bastaria para ilustrar a pressão causada sobre a mente por uma dor contínua e intensa. Dois exemplos seriam demais e poderiam tornar-se um motivo de piedade em vez de uma ilustração.



Uma Semana numa Vida de Dor



Este episódio particular com a dor não é fora do comum. Visto como estou pregando, quase cada noite, durante o ano todo, exceto no sábado, a situação apresentada se repete muitas vezes, ao longo de um ano. Como tenho de cumprir minha obrigação de pregar, quer esteja com dor ou não, ainda há outras pressões acrescidas do “não fique sob pressão” e “não deixe que saibam”. (Detesto piedade).

O relatório seguinte é feito a partir de um roteiro de reuniões e acontecimentos.



Segunda-feira



“Acordei com dor de cabeça. Ingeri algumas aspirinas durante o dia e consegui controlar a dor.

Segunda-feira à noite, enquanto pregava, minha cabeça estava estourando. Após o culto, fiquei na porta e apertei a mão das pessoas. Em seguida voltamos para o trailer. Kathy “amorteceu” meu pescoço e tomei mais aspirinas. Depois fui para a casa do pastor (onde estávamos estacionados) para uma noite de confraternização”.



Terça-feira



“A dor de cabeça havia sumido, quando acordei, mas foi logo substituída por outra dor de cabeça. A batalha prosseguiu durante a maior parte do dia, mas a dor não ganhou muito terreno. Cantei vitória!

Enquanto estava pregando, a dor se intensificou. Raios de dor chisparam no lado esquerdo de minha cabeça. Uma vez, enquanto pregava, fiz um movimento errado e senti um disparo de dor me descendo pelo pescoço (odeio fazer isso!) Depois da pregação suportei a dor enquanto apertava a mão das pessoas na porta. Então corremos para casa e Kathy novamente “amorteceu” minha cabeça e meu pescoço, durante quase vinte minutos. A pele do meu pescoço ainda estava sensível, em razão do “amortecimento” da noite anterior. Ingeri mais algumas aspirinas e depois usei o “controle” na cabeça e no pescoço. Só então voltei à casa do pastor para a noite de confraternização”.



Quarta-feira



“Hoje cedo acordei sem dor de cabeça. Mas o problema de hoje é dormência no antebraço e na mão direita (Enquanto isso, estava estudando para uma aparição na TV, com dois homens. Teria de enfrentar cinco eruditos que contendiam sobre a perfeição da Bíblia. A dor não é uma boa “sócia no estudo”).

Quando o dia se foi, veio um novo assalto de dor de cabeça. Tomei alguns analgésicos e fui pregar na igreja. Esta foi, sem dúvida, a pior dor de cabeça experimentada, enquanto eu pregava. Quase tive de encerrar o sermão, desculpar-me e sair. O pior é que isso aconteceu num dos verões mais quentes já registrados e a igreja não dispunha de ar condicionado, tendo apenas duas janelinhas para ventilação.

Quando terminei a pregação, já estava quase em estado de pânico, o qual costumo chamar de “os mexicanos estão subindo pelo muro!” (Isto é, o Álamo). Isso quer dizer que todas as minhas defesas contra a dor haviam fracassado e eu havia ficado à mercê de um inimigo ferrenho e selvagem. Encerrei o sermão, passei o culto ao pastor e fui direto para o escritório dele, onde poderia me esconder. Não haveria possibilidade alguma de forçar um sorriso e apertar a mão das pessoas, nessa noite. Sentei na cadeira dele e mergulhei na dor, até que minha esposa entrou. Ela viu que eu estava com problema. Escapuliu da igreja e foi direto ao nosso carro. Assumiu a direção, pois eu não estava em condição de fazê-lo. Meu filho de dez anos ficou no assento atrás de mim, e massageou minha cabeça enquanto chegávamos em casa.

Quando cheguei ao trailer, ela depressa me deu algumas aspirinas e começou a “amortecer” o meu pescoço e a cabeça, novamente. Minha pele estava queimado por causa de um terceiro amortecimento noturno consecutivo, mas não havia outro recurso. Depois desse tratamento ela me massageou com linimento, o que foi seguido de mais uma aplicação do “controle remoto” ao meu pescoço. Notei que “os mexicanos” se retiravam pelo muro em que havia sido feita, tão recentemente, uma brecha. Por enquanto eu estava salvo.

A essa altura, eu estava absolutamente exausto em razão da batalha. Fui direto para a cama. Não haveria confraternização nessa noite. O pastor, e também os demais, compreenderam a situação”.



Quinta-feira



“Despertei com uma leve dor de cabeça. Ela parecia estar cheia de algodão. Iniciei o dia com outro “amortecimento”, seguido de uma nova aplicação do “controle remoto”, acompanhados de uma nova ingestão de aspirinas. Em seguida reassumi meu estudo, em preparação para aparecer no debate que fora programado na TV.

Logo que iniciei a pregação, minha voz começou a me causar problema. Quando o doutor me fundiu as vértebras em 1973, minhas cordas vocais se contraíram. Levei quatro meses para recuperar a voz, porém não tão forte como era antes, e agora ela está pronta a abandonar-me, sem aviso prévio. Esta noite ela resolveu me causar problema.

De qualquer maneira, preguei a mensagem (quase gemendo). Ao chegar à metade da mesma, a dor novamente começou a invadir o lado esquerdo de minha cabeça. Não me senti tão mal como na terça-feira e nem perto do que senti no ataque de quarta-feira.

Depois do culto, assumi o meu lugar à porta, apertando a mão das pessoas. Depois fui direto para o trailer, para outro “amortecimento”, outro “controle remoto” e algumas aspirinas. Tudo isso para cuidar do meu problema. Depois, fui para a casa do pastor para a confraternização”.



Sexta-feira



“Nenhuma dor. Apenas o desgaste proveniente de quatro longos e árduos dias de batalha.

É durante esses assaltos de dor que me agarro à 2 Coríntios 12:9: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”.

Se algum dia eu “enlouquecer” será por ter deixado de crer nesta grande promessa e ter sido vencido pela desesperança que a isso me levaria”.



Mais uma Preocupação



Além do medo de ficar louco, um dos maiores perigos em que uma pessoa exposta à dor contínua pode cair vítima, é se tornar egocêntrico. Não é um egocentrismo oriundo do conceito de orgulho. Em vez disso, ele é causado pelo fato de que, durante um longo período de tempo, você paulatinamente foi se tornando escravo de sua dor. Você lhe faz concessões demais. Logo suas decisões se basearão mais e mais sobre essa tal “condição”. (Odeio essa palavra).

Essa moléstia pode se manifestar de diversas maneiras e nada poderá ser de ajuda a você ou a qualquer pessoa ao seu redor.



Egoísmo Mental



Este problema pode se manifestar na forma de receio de fazer alguma coisa, para não sofrer, nem agravar sua miséria. O triste fato é que esse temor pode ser bem justificado. Sei, por experiência própria, que me tenho machucado acidentalmente ao desempenhar a tarefa mais insignificante. Um exemplo disto é que mesmo que um dano no futebol tenha realmente auxiliado minha condição, deixei de jogar futebol após o mesmo, porque não posso me expor a um próximo dano, que pode resultar em outro mais severo para o meu pescoço. Jamais me perdoaria se deixasse um jogo de futebol numa padiola, para nunca mais poder andar. Você pode ler isto, tentando imaginar uma maneira de minimizar esse temor, mas então não será o seu pescoço.

Prejudicar a si mesmo nunca é seguro. Você pode gozar uma atividade nove ou dez vezes sem desencadear o problema. Porém, logo mais, o sofrimento causado por esse único exemplo tanto o castiga que você prefere nada fazer para não provocar o “cão que dorme”. Novamente você pode estar cem por cento correto em sua ação (ou inação), mas isso tende a anular parte de sua alegria de viver. Logo descobrirá que nem todas as paisagens podem ser vistas a olho nu.

Não posso ver maneira alguma de vencer este problema. Algumas condições são simplesmente muito suscetíveis de se agravar com facilidade. Junte-se a isso o avanço implacável da idade, com suas respectivas complicações, e você terá uma boa batalha mental a vencer, ao lutar diretamente contra a própria dor. Essa é realmente uma batalha interminável!

Há uma tendência através de tudo isso para a pessoa querer se isolar. Pessoalmente acho que a dor é uma coisa particular. Não quero me sentar e discutir minha dor com as pessoas que me cercam. Escrever um livro sobre ela é uma coisa, mas ser obrigado a discutir sobre a mesma com cada pessoa que encontro é algo que considero insuportável. Nem falo com minha esposa sobre as batalhas constantes que tenho travado contra a dor. Só a incomodo quando preciso de sua ajuda para a luta. Por essa razão, quando estou experimentando dor extrema, tento sair de perto dos que me rodeiam. Como pregador, que é sem dúvida um dos estilos de vida mais públicos, é difícil, senão impossível afastar-me da multidão. Especialmente, quando muitos indivíduos dentro dela estão aguardando uma oportunidade de falar comigo. Como já foi visto antes, geralmente tento cumprir o que considero minhas obrigações ministeriais com as pessoas, apesar de qualquer desconforto que eu particularmente esteja sentindo nesse exato momento. Entretanto, há momentos em que não me considero “bom para ninguém”, em razão dos efeitos insuportáveis da dor excepcionalmente extrema. Quando isso acontece, tento passar rapidamente pelo meio da multidão e desapareço, logo que termina o culto. Não gosto de fazer isso, porém só se pode suportar muita dor quando não se está envolvendo outras pessoas no problema. O problema que surge daí é que o esperado alívio da pressão (não da dor) que se sente ao ficar sozinho é por demais convidativo. Você pode se achar saindo de cena, quando realmente não está se sentindo muito mal para justificá-lo. Tento monitorar meus motivos e fazer um balanço de minhas complicações, a fim de provar a mim mesmo que não estou apenas “me evadindo”. Reclusão demais é prejudicial à mente. Porém, quando “os mexicanos estão vindo por sobre o muro”, nada mais se pode fazer, a não ser “desistir e bater em retirada”.

Resultado ainda pior de um longo estágio de dor é quando se vê mentalmente a própria dor, passando a ignorar ou minimizar os problemas dos outros. Existem muitas pessoas que sofrem elas mesmas de dores sérias e genuínas, ou que estão atravessando crises de algum tipo. Quando você se concentra constantemente no controle de sua própria dor, de modo que possa misturar-se à multidão, sem gemer no alto dos pulmões, você faz menos esforço mental para simpatizar ou oferecer ajuda a alguém que venha até você com um problema genuíno. Isso para não mencionar as pessoas que apenas imaginam ter um problema ou simplesmente desejam monopolizar o seu tempo.

Algumas vezes o seu desinteresse não é problema de coração frio. O indivíduo pode suportar mentalmente apenas uma limitada quantidade de processos mentais, ao mesmo tempo. Quando você está mental e secretamente envolvido em dirigir suas próprias ações apesar da dor, você simplesmente não consegue concentrar-se devidamente nos problemas alheios. Isso inibe grandemente sua habilidade de ajudar as pessoas e o conduz mais profundamente para o seu próprio egocentrismo e reclusão.

Minha esposa é uma mulher tremenda. Ela é uma cristã que sempre tem colocado o Senhor em primeiro lugar em sua vida. É uma maravilhosa mãe para os nossos filhos e uma esposa fantástica para mim. Nesses mais de vinte e três anos (1997) em que estamos casados ela tem sido uma extraordinária ajudadora para mim. Não apenas me ajuda nas áreas em que lhe peço auxílio, como também procura, de sua própria iniciativa, meios de fazer algo por mim. Ela seria essa mesma pessoa bondosa se eu não tivesse quebrado o pescoço. Contudo, para essa excepcional performance conjugal ela tem sido obrigada a suportar a carga adicional de ter um marido imerso em dor, na maior parte das horas em que está desperto. Aqui também ela tem sido exemplar. Está sempre procurando coisas que me ajudem a combater a dor. Foi ela quem conseguiu o aquecedor de micro ondas para o meu pescoço. Ela tem passado horas “amortecendo” o meu pescoço com o “amortecedor”, tentando relaxar meus músculos e aliviar parte da dor. Sempre tem demonstrado simpatia pelo meu infortúnio e jamais demonstrou sinais de “cansaço a respeito disso”. Ela jamais se queixa de minhas queixas.

Duas coisas importantes eu tenho em mente com relação a minha esposa. A primeira é que, mesmo que ela tenha se mostrado sempre compreensiva em relação à minha dor, qualquer pessoa pode desejar ficar livre de um constante queixoso. Eu gostaria de achar que “sofro calado”, tanto quanto é possível, com respeito à minha dor. Mesmo assim, o fato é que realmente fico quieto, quando se trata dos mais comuns e mais fracos espectros de dor: “a pedra em meu sapato”, “ o Pit Bull”, “o machado”, fico por demais fraco para suportar em silêncio uma dor mais intensa e duradoura. Certo ou errado, quando você move a cabeça e sente dor atacando o pescoço, você geme. Apesar de tudo isso, minha esposa jamais me subestimou. Contudo devo estar sempre consciente para não ficar me queixando de qualquer dor cada dia. Devemos ter o cuidado de não ficar nos queixando constantemente. Pode se esgotar a compaixão da esposa que nos ama e realmente deseja ajudar-nos, mas ela não precisa ficar ouvindo falar de qualquer dorzinha que sentimos.

Ainda há outra grande verdade que não deve ser ignorada. Algumas vezes sua esposa vai sentir dor e precisar de sua ajuda e compreensão. Ao longo desses vinte e três anos (1996) tem havido casos em que minha esposa tem sofrido de algum modo. Tem acontecido mortes na família dela ou problemas com outras pessoas, os quais lhe quebrantam o coração fazendo-a chorar. Ela sofreu duas cirurgias distintas em seus ouvidos, para evitar-lhe a surdez por causa de uma moléstia que tem (ela usa dois aparelhos auditivos). Tem havido a convalescença dos partos de cada um dos nossos três filhos, após nascimentos problemáticos. Nosso primeiro filho pesou dez libras e duas onças. Durante as vezes em que sua esposa está sofrendo, quer seja emocional ou fisicamente, é extremamente importante que você ponha de lado o seu desconforto e ministre as necessidades da pessoa amada. Você não pode permitir que simpatia, paciência e cuidado físico sejam aplicados somente em seu favor. Você deve estar ali à disposição da pessoa amada, sem levar em conta seus próprios problemas! Não seja egocêntrico.

Também não agravaria sua situação o fato de levar sua esposa para jantar fora, a fim de demonstrar-lhe como você aprecia o que ela tem feito para colaborar na batalha pessoal contra a sua dor. Tais ações vão fazer com que ela saiba que você não ignora os muitos sacrifícios e serviços que ela tem feito em seu favor.

Outro perigo relacionado com a dor constante é o de você se tornar um “débil mental”. Depois de um certo tempo você já está achando que ninguém se preocupa o bastante com o seu problema e então começa ficar zangado, quando qualquer atenção é dirigida à dor ou aos problemas de alguém mais, deixando de lado o seu. Além de tudo, você tem obviamente mais necessidade de ajuda do que essa pessoa. Quando alguém chega a esse ponto, já se tornou quase um inútil. Você parece com alguém que está no bem bom, recebe muita ajuda, porém não fica ainda satisfeito por não receber ajuda total. Você sempre se esquivará em atender qualquer pedido de ajuda dos outros ou de servir ao Senhor. Simplesmente tem se resignado a ser um caso de bem estar espiritual. Logo estará se queixando de ser maltratado pelos outros, a qualquer um que lhe der ouvidos, e então sua audiência irá caindo com o tempo, visto como ninguém suporta ficar ao lado de alguém que vive se queixando. Isso só ajuda a que você se isole e se sinta rejeitado. Não importa o que você sinta, você não pode olhar somente para os seus próprios problemas e ignorar as legítimas necessidades dos outros. Muitíssimos indivíduos são “inválidos” voluntários. Eles racionalizam que “se você está debilitado, ninguém vai esperar demais de você”. Isso até funciona! Mas há uma espécie de “morte na panela”, que alterará a sua performance, a ponto de transformá-lo um rejeitado social. Já basta ter de suportar a dor física. Não se torne repulsivo aos outros por causa de sua cantilena constante.



Simpatia – Um Pobre Substituto Para o Respeito



Em muitos casos um jovem “apaixonado” por uma moça que não está mais interessada nele, acha que poderia recuperar o interesse dela, atraindo-lhe a simpatia. Ele simplesmente precisa “adoecer” e ela fica com pena dele e não se dispõe a abandoná-lo na “hora da necessidade”. Alguns homens têm até conseguido segurar uma esposa usando esse expediente. O problema com essa tática começa a surgir logo após o casamento. Depois de anos de aconselhamento, tenho aprendido esta verdade a respeito da simpatia: “A simpatia antes do casamento transforma-se em desrespeito após o casamento”. Em outras palavras, o que comove o coração dela, antes do casamento, revolve o seu estômago, após o mesmo!

A razão é simples. Antes do casamento os dois ainda não estão unidos. A dor do jovem não tem influência alguma sobre a vida da moça. Ela o vê como alguém que necessita de simpatia e supre esta, voluntariamente.

Após o casamento, sua visão muda. Agora ela se “digna de compensação”, procurando significativamente razões insignificantes para o fato de que ele não possa trabalhar ou puxar seu próprio fardo pela casa. E não vai demorar muito para que o seu bravíssimo “soldado ferido” passe a ser olhado como um “bebê chorão”, que definitivamente escapa de qualquer responsabilidade com um “não me sinto bem, hoje”. Pode ser que nenhum dos dois tenha consciência disso, mas a simpatia dela pelo marido vai se evaporando e sendo substituída pelo desrespeito pelo que ela considera um “bebê chorão”. Alguém a quem nunca falta uma desculpa para não trabalhar ou fazer coisa alguma.

Todo mundo recebe atenção, quando sofre um leve dano. Existe o que chamo “um dano de um milhão de dólares”. É quando você sofre um dano bastante grave e tem de ir para o hospital para tratamento deste. “Não, deixe-me descansar esses velhos joelhos, enquanto você me prepara uma xícara de café; me dê o jornal vespertino e eu me sentirei bem em poucos dias... ou semanas”. Você até pode “começar” a receber simpatia, mas não poderá “conservá-la”.

Quando se tem uma dor crônica é fácil demais conseguir simpatia em lugar de assumir as responsabilidades da vida. Sou marido e sou pai. Tenho obrigações com minha esposa e meus filhos e estar “sofrendo” não é desculpa aceitável para eu não cumprir esses deveres. Tenho três filhos e ainda tomo tempo em discipliná-los. Não conto as vezes em que prejudiquei meu pescoço ao fazer isso, mas é necessário, enquanto estão crescendo. Seria fácil dizer “não posso fazer isso por causa do meu pescoço”, dar o fora e ir ler um livro. Existem muitas atividades das quais simplesmente não consigo participar com meus filhos (exemplo: futebol). Não preciso desistir de toda forma de atividade física. Se você tem um problema que lhe causa considerável dor ou impedimento, precisa ter cuidado para não se evadir de sua responsabilidade para com os que o cercam. Quer você seja marido ou mulher, pai ou mãe, existem coisas que são de sua exclusiva responsabilidade, dentro de casa. Podem ser consertos no lar e pode ser cozinhar. Pode ser a disciplina e pode ser o diálogo. Você não pode permitir que sua dor o reduza a um simples espectador do que se passa no lar, enquanto sua família cresce. Você deve se esforçar na atividade.

Acrescente-se a este problema o sentimento de culpa que você terá, inconscientemente, por não desempenhar tarefas para as quais se julga capacitado. Você tentará superestimar o caso de sua dor num esforço de convencer a si mesmo e aos outros que não está se evadindo de suas responsabilidades. Contudo, mesmo que as pessoas ao seu redor aceitem essa desculpa, você bem no seu íntimo vai saber que não passa de um charlatão, que está se valendo de um problema legítimo para um propósito ilegítimo. Vamos! Seja forte! Faça o que acha que deve, quando acha que pode!

Outro problema com a simpatia é que seus amigos logo se cansarão de “pageá-lo”, cada vez que você estiver por perto. Ninguém gosta de ficar ao redor de um adulto que se comporta como um bebê. Seus amigos e sua família, bem como os demais, gostam de estar com gente “normal”, o máximo possível. Pense nisso. Você pode achar que andar claudicando é bom para atrair simpatia. Mas quando vê alguém mais claudicando, você sente simpatia por ele ou gratidão por poder andar corretamente? Normal é a melhor situação. Seria melhor para todos nós se não tivéssemos problemas para romper nossa performance normal das tarefas que nos são designadas. Mas em tais situações, quando temos problemas, eles não devem afetar nossas vidas mais do que o absolutamente necessário. Você pode ter grandes fantasias sobre pessoas lamentando sua “condição”, mas o fato é que as pessoas normalmente se cansam de estar sempre dando tratamento especial a alguém mais. E isso não pode ser mudado por “manipulação” alguma da legislação que possa passar no Congresso.

Cada pessoa neste mundo pode ser classificada como produtor ou consumidor. Ou você dá ou você recebe. É essencial que você não mergulhe no segmento de receber da sociedade e use sua dor como uma desculpa para fazê-lo. Há causas legítimas de fracasso na vida, sem se escudar na “dor” como desculpa para não fazer coisa alguma. Você deve se obrigar a carregar o seu próprio fardo nesta vida.

Tenho a sorte de fazer o que não me exige grande esforço físico. Ao longo dos anos e após ter ido a inúmeros médicos, estou oficialmente listado como tendo 65% da capacidade de trabalho. Deixei de ir aos médicos, simplesmente por não poder viver com a visão de que essa porcentagem pudesse chegar a 100%. Embora não haja sinais exteriores para sugerir um problema, posso agradecer a Deus por não me ser exigido usar grande quantidade de esforço físico. Para compensar, tento contribuir com mais do que geralmente está associado ao ministério. Tenho estado em reuniões onde tenho pintado as portas das igrejas, ou o novo letreiro da igreja, ou até o carro do pastor. Por que? Porque é muito fácil para um evangelista tornar-se apenas um “recebedor”. É até mais fácil para um evangelista com um pescoço quebrado ficar sentado e não fazer coisa alguma. Quero ser um “doador”. Quero contribuir para as vidas daqueles com quem entro em contato. Não quero ser um recipiente contínuo de simpatia e tratamento especial.

Às vezes o simples fato de tentar fazer o seu dever já é suficiente. Tenho pregado, quando mal posso mover a cabeça. Em vezes incontáveis tenho pregado com horrenda dor de cabeça. Tenho descoberto coisas sobre as dores de cabeça. Se tenho uma dor de cabeça regular, e prego assim mesmo, a dor geralmente desaparece enquanto estou pregando. Quando tenho uma dor de cabeça por causa do pescoço não me sinto melhor e às vezes ela até piora após o culto. Mas não importa. Eu prego. Porque é para isso que ali me encontro. Não estou na igreja para atrair piedade e receber favores especiais. Não estou ali para receber! Estou ali para DAR!



Da Fuga da Culpa Para a Desculpa



Quaisquer que sejam os seus deveres, você jamais será bem sucedido se não os cumprir. Quanto menos fizer, pior se sentirá. Quanto pior se sentir, menos fará. Tudo o que você precisa fazer é conseguir alguns “livros de fuga” sobre como “lidar” com o seu problema e logo será condenado. Você não precisa sentar e se espojar em sua dor. A maioria dos livros hoje escritos pelos psicólogos não oferece mais ajuda às pessoas que sofrem do que a de lhes dar uma excelente desculpa para não fazerem coisa alguma. Hoje existem milhões de pessoas que se tornaram “débeis mentais” ao “descobrir” que são “doentes” por causa de alguma coisa que leram nos lixos de um “perito” em fantasiar. Usam o que leram como desculpa para nada fazerem e como prova de que necessitam de simpatia e tratamento especial.

Queime esses livros de “fuga”. Leia a Bíblia e mãos à obra!

Você precisa sair e achar o que fazer para ajudar os outros. Jamais vai sentir-se melhor do que quando faz alguma coisa por alguém.



O que não é



As pessoas que convivem com uma dor contínua, de qualquer espécie, estão de tal modo familiarizadas com o que a Bíblia diz sobre “ter um espinho na carne” como qualquer tolice missionária que usa a Escritura para dizer: “use um pouco de vinho por causa do teu estômago”... Converse com qualquer alcoólatra por algum tempo, e em algum lugar, que ele logo durante a conversa vai citar esta fração da 1 Timóteo 5:23. O pior é que ele agirá assim se achando correto, como se fosse um erudito bíblico, quando se trata do assunto da bebida. Aparentemente, como ele gasta horas bebendo, considera-se, de algum modo, um perito nesta porção especial da Escritura.

Pessoas que sofrem de dor constante falam do mesmo modo da 2 Coríntios 12:7, onde se lê: “ E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”

Não sei quantas vezes tenho ouvido alguém falar do seu problema físico e quando termina sua história cita esta frase: “Bem, Paulo teve o seu espinho na carne e acho que também consegui o meu!” O pior é que eles citam esta passagem exatamente como os alcoólatras citam a 1 Timóteo 5:23. Eles o fazem como se o fato de ter uma dor física os tornasse de algum modo mais espirituais. Bobagem!

Lembre-se disto. Paulo realmente tinha estado no céu. Ele “ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”. A Bíblia diz que Deus lhe deu “um espinho na carne” porque ele estava em perigo de se tornar tão espiritual que poderia “se exaltar pela excelência das revelações”. Realmente não creio que você e eu corramos o perigo de nos tornarmos “espirituais” desse modo.

As pessoas adoram receber crédito “espiritual” e crédito por um problema “físico”. Há cristãos que não entregam o dízimo, não freqüentam regularmente a igreja regularmente, não lêem a Bíblia, jamais ganham uma alma para Cristo e se consideram verdadeiras rochas espirituais. Contudo, uma vez que sofrem honestamente de algum tipo de dor física, elas gostam de afirmar que este é o seu “espinho na carne” e que isso as tem levado para mais perto de Deus do que aqueles que servem fielmente ao Senhor e, contudo, não sofrem de qualquer problema físico.

Minha dor NÃO É um “espinho na carne”. É UMA DOR NO PESCOÇO. Sofrer não me qualifica sob qualquer ponto de vista bíblico. Ela não me torna um erudito na 2 Coríntios 2:7 mais do que um bêbado se torna um perito em 1 Timóteo 5:23.

Leio trinta páginas da minha Bíblia diariamente. Gasto horas em oração. Esforço-me para combater meus pecados e problemas de personalidade, a fim de me tornar um melhor cristão. É assim que se chega mais perto de Deus. Não por sofrer um problema físico e, contudo, nada fazer por Jesus. Sua dor não o torna espiritual. Ela o faz sofrer! Chame-a do que quiser. Mas não do que ela não é.



Empurre-se a Si Mesmo



Você jamais saberá o que pode fazer, apesar de sua dor, até que se disponha a fazer algo. Há muitas coisas para as quais você tem capacidade e que não têm sido feitas porque convenceu a si mesmo que elas estão além de sua capacidade de realizá-las.

Permita-me dar um exemplo pessoal. Eu sempre me havia restringido a só escrever um livro de cada vez. Não conseguia me concentrar ao escrever dois livros, ao mesmo tempo. Nem sequer conseguia iniciar um segundo livro, até que o anterior em que eu estava trabalhando fosse concluído, digitado, impresso e distribuído. Deveres que não são da minha alçada. Quando tinha “em mãos” o novo livro, então sentia-me relaxar mentalmente para começar a escrever outro.

Foi assim que fiz as coisas durante vários anos. Então sofremos alguns ataques violentos do diabo. Eles não são todos relacionados com os problemas do meu pescoço. Fiquei furioso. Como forma de contra ataque, determinei que iria começar a trabalhar em vários livros, ao mesmo tempo. Comecei a escrever três livros diferentes. Ironicamente, durante o tempo em que estava trabalhando nesses três diferentes projetos, resolvi começar um quarto livro – este livro. Agora, normalmente, trabalho em vários livros, ao mesmo tempo. Houve um tempo em que eu jamais acreditaria que pudesse fazê-lo. Foi então que me “empurrei” a mim mesmo.

Dê um empurrão em você mesmo! Veja se pode fazer pelo Senhor o que esteve afirmando não poder fazer por causa de sua própria “condição”. Com dor ou sem dor, seja ativo para o Senhor. Você não terá coisa alguma feita se ficar recolhido dentro de casa com pena de você mesmo.



Você é o # 1



Não é uma tentativa psíquica em direção ao seu pensamento dizer que você tem mais valor do que realmente pensa. Não estou dentro da atual fraude de auto-afirmação que está varrendo o cristianismo dos crentes da Bíblia. Este não é um livro de auto-afirmação. É um livro de auto-habilidade. Quando me refiro a você mesmo como o “# 1”, quero dizer que você está acima de sua dor, em importância. Você não é o seu corpo! Você é a alma que habita dentro do seu corpo. Sua dor está limitada á sua carne. Você deve fazer alguma coisa para diminuir ou suprimir a sua dor. Mas se você permitir que ela governe a sua vida estará arruinado.

Um alcoólatra é uma alma que se tornou escrava do corpo. Ele diz (a alma) “não quero tomar outro trago. Mas eu (o corpo) preciso dele”. Seu corpo está viciado no álcool e sua alma não pode dizer “não” ao corpo. Toda dependência é como esta. Quer seja dependência de drogas, sexo, música rock, fobias ou qualquer outra coisa. Uma dependência é simplesmente uma alma que tem menos controle da vontade do que o seu corpo.

No caso da dor, você não se torna dependente dela. Você se torna exatamente um escravo dela. Algumas vezes seu corpo pode estar fora de controle. Você o encontrará dando-lhe problemas, exatamente porque existe algo acontecendo contra a vontade dele. É exatamente o que acontece quando uma criança é forçada a comer algo de que não gosta, e vomita. Seu corpo realmente vomitou uma “raiva”. Agora ela recusará comer esse alimento especial porque acha que a deixará doente. Ela está se tornando escrava do corpo.

Essa é a razão por que você não deve ser “religioso” no sentido de fazer concessão à sua dor. As coisas mais efetivas que faço para aliviar a dor são o calor, o amortecedor, o controle remoto, os analgésicos e o sono. Contudo, às vezes eu me recuso absolutamente a seguir o ritual de combate à dor. Recuso fazer coisas que agradariam o meu corpo, mesmo que isso signifique que tenho de suportá-la (viu o que eu quero dizer por batalhar com a dor?) Ou estarei servindo o meu corpo ou o meu corpo estará me servindo. Escolho a última hipótese. Escravidão é escravidão. Quer você sirva outra pessoa ou você mesmo. Você não deve permitir-se a ser enganado pela carne, até que ela o torne um “dorólico”, incapaz de dizer não a qualquer coisa que seu corpo exija. Lembre-se. Não sou um tolo. Quando a dor é demais e já não posso enxergar direito, faço tudo que posso para aliviá-la. Mas na certeza de fazer algumas coisas que o meu corpo não aprova e assim deixá-lo saber que estou no absoluto controle da minha vida.

Você deveria ser razoável, tendo o cuidado de não agravar o problema com a dor. Mas também deve ter bastante força de vontade para não nos tornar-se escravo do corpo.



Capítulo 6



Auxílio que Médico Nenhum Pode Dar



Os médicos são uma bênção. Embora fiquem no mesmo nível dos advogados e políticos, quando expostos à opinião pública a seu respeito. Eles são de grande ajuda aos necessitados. Se você alguma vez já precisou de um sério auxílio médico, pode agradecer provavelmente a um médico que lhe restituiu a saúde. Não importa quanto ele cobre.

A maioria das pessoas não está a par de que é necessário aos estudantes de medicina fazer empréstimos de literalmente milhares de dólares, a fim de completar sua educação. A formatura é seguida de anos de dureza como internos, trabalhando em condições nem sempre tão boas. Acrescente-se a isso a extrema pressão a que são continuamente submetidos, passando por testes nos quais, caso não sejam aprovados, poderão ser proibidos de exercer a medicina. E como se essa pressão não bastasse, agora o nosso governo quer socializar a medicina. Isso vai destruir nosso sistema médico (embora os políticos que aprovarão essa lei tenham acesso à medicina particular).

Em geral as pessoas gostam de se queixar e os médicos são o objetivo favorito dessas queixas. Creia-me! Compreendo tanto os perigos como a irresponsabilidade de um médico que deixa passar despercebido um dano no paciente. Mas também deveríamos ser gratos, tanto pelo grande sistema médico de nossa nação, como pelos que têm dado suas vidas para ajudar os necessitados. É claro que são pagos para isso. Você é pago pelo seu trabalho, não é?

Em tudo isso, porém, há limites absolutos para o que um médico pode fazer por um paciente. Sua prática é limitada ao físico. Contudo, ainda que existam alguns que possam mergulhar na mente do paciente através do uso da psicologia, não podem ministrar o lado espiritual de um paciente. Contudo, nós, os cristãos, podemos conseguir auxílio, tanto espiritual, como físico. Temos acesso direto a Deus através da oração e de Deus através de sua Palavra, a Bíblia. Posso garantir, através da autoridade da Bíblia, que existe um auxílio e esperança a serem conseguidos no Livro, que nenhum médico pode oferecer.

Há duas coisas que se podem e devem fazer, quando se está martirizado pela dor constante.



Alimente sua Alma



Você alimenta fisicamente sua carne dando-lhe comida, e desse modo conseguindo força física para que desempenhe os deveres da vida.

Você alimenta sua mente e emoções, fazendo o possível para aliviar o desconforto causado pela dor. É assim que você se protege do estresse mental causado pelos ataques diários da dor.

É, portanto, imperativo que você alimente sua alma. Ignore as necessidades de sua alma e correrá sério perigo.

Só há uma maneira de fortalecer sua alma para que ela possa lutar contra a carne. Você deve alimentar a mesma com a Bíblia. Há duas maneiras de fazer isso. Escute cuidadosamente! Se é que você considera esta parte do livro tão sem importância, que nem a considerou. Esta é simplesmente a parte mais importante deste livro. Se você vai ignorar este conselho, então jogue fora este livro, jogue fora sua Bíblia e continue a ingerir drogas, até que não saiba mais qual é o dia da semana, visto como já perdeu a batalha.

Você consegue auxílio espiritual na Bíblia de duas maneiras. A primeira é freqüentando a igreja. Você precisa sentar-se em frente ao pregador e permitir que ele o escalpele vivo. Sua natureza é má (Jeremias 17:9) e a quanto mais pregação seu corpo for sujeito, mais chance você terá de agigantar o controle sobre si mesmo. Deus escolheu a loucura da pregação (1 Coríntios 1:21). A pregação é simplesmente a maior barreira para evitar que a carne domine (e arruine) sua vida.

Você deve ficar transtornado com a pregação que ouve. Mas é bom que aprenda a suportá-la e mais tarde possa aplicá-la à sua vida. Não estou de modo algum me referindo ás demandas socialistas que estão sendo entregues nos púlpitos modernos através da América. Estou me referindo à freqüência a uma Igreja Batista Fundamentalista Independente, crente bíblica. Seu preconceito, ou o que lhe tiver sido imposto pela mídia, pode rejeitar esta prescrição. Mas encaremos os fatos. Quantas vezes você tem tido de tomar alguma medicação ou se submetido a uma cirurgia que também rejeitou, mas da qual precisou? Vá à igreja!

Outra maneira de alimentar sua alma é ler a Bíblia diariamente. Sempre tenho recomendado que as pessoas leiam o Livro de Provérbios, diariamente, conforme a data correspondente. Isso o colocará através de todo o Livro de Provérbios dentro de um mês. Isso o levará a ler o Livro de Provérbios inteiro, doze vezes por ano.

O Livro de Salmos fala ao espírito. Daí porque tantas pessoas correm para ele, quando têm problemas, e são ajudadas espiritualmente por ele. Mas o Livro de Provérbios fala à sua alma. Você jamais lerá um provérbio que não descubra algo faltando em sua personalidade. Verá coisas que poderá fazer para se transformar numa pessoa melhor, bem como receberá ajuda em como suportar a sua dor.

Conquanto lendo Provérbios, conforme a data do calendário, também apresso fortemente as pessoas a que leiam dez páginas da Bíblia, diariamente. Que iniciem em Gênesis e leiam até o final de Apocalipse. Depois que recomecem a fazer tudo isso novamente. Depois comecem novamente. Você deve continuar lendo sua Bíblia de capa a capa diariamente, três ou três vezes e meia, todo ano. Você não pode imaginar como a leitura diária da Bíblia pode ajudar em sua batalha contra a dor. Não apenas lá se encontram versos que podem ser aplicados à sua situação, mas a simples exposição ao Livro de Deus o ajudará. Você pode afirmar que dez páginas diárias são demais. Mas não são. Se você lê outros livros, tenho certeza de que você senta e lê trinta ou quarenta, talvez até cinqüenta páginas de uma “sentada”. Você já foi para a cama provavelmente bem mais tarde do que havia planejado. Qual foi a sua desculpa? Simplesmente, não o consegui para de ler! Se você pode ler tantas páginas de um livro não inspirado, então dez páginas de Bíblia não são demais.

Os nutricionistas afirmam que não podem determinar como a proteína de cada alimento ingerido chega a cada célula do seu corpo. Também não posso explicar exatamente como a Bíblia o ajuda. Contudo, a leitura diária da Bíblia vai fortalecer você (sua alma) contra a sua carne (seu corpo). Você pode até não se lembrar do que leu. Pode até não entender completamente o que leu. Mas o simples fato de abrir a Bíblia e ler vai expor você a algo espiritual, que nenhum outro livro ide auto ajuda jamais o fará. Não posso exagerar a necessidade de ler a Bíblia diariamente. Sua alma (VOCÊ) é espiritual e nada existe que possa alimentar uma alma com os nutrientes espirituais de que ela carece, exceto a Bíblia. NADA, como eu já disse antes. Se você não ler a sua Bíblia, então pode se dopar, até que o seu cérebro vire uma geleia, porque nada pode fazer mais por você do que a Bíblia pode. Você pode negligenciar suas necessidades físicas um pouquinho em sua batalha contra a dor, mas não se atreva a ignorar as necessidades espirituais. Não existe um substituto para a Escritura!

Já me referi várias vezes, neste livro, ao perigo de se tornar mentalmente insano através do sofrimento causado por uma dor contínua. Somente a Bíblia pode garantir-lhe que isso não aconteça. Como já citei antes, a 2 Coríntios 12:9 declara: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minha fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”. É impossível que eu conte quantas vezes tenho me voltado para a verdade desta Escritura, quando sinto que simplesmente não posso mais suportar a dor. A Bíblia sempre está certa! Se você acha que não pode mais suportar a dor, e a Bíblia diz que pode, então pode ter certeza de que você pode. Novamente isto não se refere ao “poder do pensamento positivo”. Em vez disso é a garantia do seu Criador de que a Sua graça pode conduzi-lo através de sua dor. Não se passa dia algum, no qual eu não sinta dor. Estou sempre checando o meu pescoço, na esperança de conseguir um pouco de alívio. Há também os “dias negros”, quando é necessária toda a força de vontade para se manter vivo. Há muito deixei de orar pelo desaparecimento da dor, visto como ficou óbvio, a essa altura, que simplesmente não é esta a vontade de Deus. Mas sempre laboro com Deus naqueles dias, quando sinto que a sanidade é um muro de granito no qual estou fincando as unhas para poder subir. Muitas vezes nem tenho palavras de tristeza e então, simplesmente volto-me para a verdade de Romanos 8:26, que diz: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir coimo convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”

Nesses dias, simplesmente me coloco diante do Senhor para escutar os “gemidos inexprimíveis”. Você tem uma idéia da paz e segurança que vêm do fato de saber que suas orações estão chegando até Deus, exatamente conforme você precisa que elas cheguem, sem desentendimento algum? Deus está do nosso lado! Se você abandona o Seu Livro, abandona a Sua ajuda! Livro nenhum, inclusive este, pode fazer por você o que a Bíblia pode.

Você não precisa de livro de pensamento positivo. Você não precisa aprender a “lidar” com a sua situação. Um psicólogo, quer seja perdido ou salvo, só pode alimentar você com as teorias aquecidas de Cristo, rejeitando os homens que não estão determinados a se submeter à vontade de Deus. É disso que você precisa? Não!

Você precisa ler o Davi de coração quebrantado, comungando com o mesmo Deus como ele comungava. Precisa ler Jó. Não para comparar sua condição com a dele, mas para ver que Deus o livrou! Você precisa da terna segurança de 1 Coríntios 10:13 que diz: “Não veio sobre vós tentação, e não humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. E o que ele diz em Isaías 41:10: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo e te sustento com a destra de minha justiça”.

Você precisa do ensino de Lamentações 3:26-27 ou da solene advertência de Provérbios 24:10. Eu poderia prosseguir sempre e sempre. Existem literalmente incontáveis versos que Deus pode usar para ministrar suas necessidades espirituais e emocionais. Mas a Bíblia se torna inútil se você procurar desculpa para não a ler. Porém se deseja ler a mesma, ela lhe proporcionará auxílio, a partir de uma fonte que está literalmente além deste mundo.

Agora, diga-me! Pode o “Dr. Sinta-se Bem” fazer por você o que a velha Bíblia King James faz? Não. Jamais! Jogue fora os livros de “auto ajuda”. Jogue fora as “versões modernas”. Depois sente-se e mergulhe de cabeça e de coração... com os seus problemas, de capa a capa na Bíblia que Deus tem usado durante séculos – a Bíblia King James (no Brasil Almeida Corrigida e Fiel)! Um grande homem disse certa vez: “A Bíblia não precisa ser reescrita. Ela precisa ser relida!”

Você não precisa de teorias, opiniões ou de falsos argumentos humanos, que mudam com o tempo. Os homens cometem erros. Os homens mentem. Deus não faz nada disso. Ele sempre está certo, sempre disponível! Por que você iria abandonar o Criador, quando o problema que tem é com a pessoa que Ele criou? Se Ele a criou não deve saber como melhor cuidar dela? Essas teorias de “curas” são ótimas para garantir carros novos para o pregador, supostamente autor da cura. Mas tudo que você precisa é abrir as páginas do Livro de Deus e se expor à sua luz. Desistir não é a resposta. Quem sabe, a “cura” talvez não seja a resposta. Mas entrar em contato pessoal com Deus através do Seu Livro ajudará você mais do que tudo que o homem possa oferecer.

Se você abandona a Palavra de Deus, por que não deveria Ele abandonar você?



Torne-se Um Dependente da Oração



O Sr. Webster diz que para ser dependente de alguma coisa você deve “devotar-se e render-se habitualmente a essa coisa”. É isso que você precisa fazer com relação à oração. Se você sofre uma dor contínua, deve fazer todo o possível para ter o povo de Deus orando em seu favor. Um dos benefícios de viajar através de todo o país, e estar numa igreja diferente, cada semana, é conseguir encontrar milhares de pessoas nascidas de novo, crentes bíblicos, cristãos que amam a Deus. Muitas vezes alguém me pergunta: “o que posso fazer pelo senhor?” Isso em geral significa “precisa de dinheiro?” Embora seja bom receber dinheiro, nenhuma quantia de dólares pode substituir o poder de um cristão piedoso orando em seu favor. Geralmente respondo: “quando pensar em mim, ore por mim. Sempre que alguém me pergunta se existe algo em particular pelo que eu desejo que ele ore, peço-lhe que ore pelo meu pescoço. Sem detalhes. Apenas “ore pelo meu pescoço”.

Existem centenas, se não milhares de cristãos que oram pelo meu pescoço. Geralmente entro numa igreja em que não tenho estado durante anos e vejo alguém caminhando em minha direção para dizer: “oro pelo senhor, diariamente”. Você tem idéia do que significa, em matéria de ajuda, ter pessoas se aproximando do trono de Deus, cada dia, para interceder por você?

Muitos evangelistas, às vezes, dão preferência a que as pessoas lhes ofereçam dinheiro ou presentes. Eles sempre tentam se fazer amados, no sentido de conseguir ajuda financeira delas. Eu sou desse tipo, no que diz respeito à oração.

Escute! Você sempre pode conseguir um dólar em qualquer lugar. Eles são sempre parecidos e se vão mais depressa do que se deseja. Mas oração! Cada oração particular é exatamente especial. Uma prece individual e independente a Deus para melhorar a sua dor. Por que iria eu correr atrás de um dólar, quando posso obter muito mais auxílio através das orações individuais e amorosas do povo de Deus? Nenhum dólar pode aliviar a dor. Mas a oração pode. Você deveria pedir a sua igreja que se lembrasse de orar pela sua dor. (Não toda semana. Não seja uma dor!). Certamente, alguns irão se esquecer de orar por você. Mas alguns se lembrarão de sua necessidade e falarão com Deus sobre a mesma, a seu favor. É isso aí! Peça aos seus amigos e familiares cristãos para se lembrarem de você na oração deles. Faça o possível para que todos orem por você. (Mas não seja um “chato”).

Compareço a cerca de quarenta e oito reuniões de reavivamento por ano. Minhas reuniões geralmente começam no domingo e vão até a sexta-feira. Então, no sábado, nós acoplamos o trailer no carro e dirigimos de 8 a 12 horas, até chegar ao local da próxima reunião. Desconectamos o trailer, nos estabelecemos ali e fazemos o mesmo de sempre, até o próximo sábado.

Isso tende a ser uma jornada cansativa. Acrescente-se o fato de que estou sempre escrevendo livros, participando de debates públicos a favor da autoridade da Bíblia e viajando para fora do país, a fim de pregar em encontros de reavivamento, ou instruir os pastores nacionais sobre a história da Bíblia.

Se tudo em minha vida fosse exatamente como é agora, exceto que ninguém orasse por mim, eu não poderia suportar tanto. Não poderia continuar sem o apoio das orações dos cristãos cuidadosos. Como vê, sou um dependente da oração.

Você deveria também tornar-se um dependente da oração. Ganhará ajuda que de outro modo ser-lhe-ia totalmente inacessível.



Não Seja Egoísta



Não esqueça! Você não é a única pessoa no mundo a sofrer algum tipo de dor. Desse modo, não é a única pessoa no mundo a necessitar de oração. A oração é tão simples de se oferecer como de se receber. Você deve saber que há muitas pessoas que sofrem de algum tipo de dor pelas quais ora regularmente. “Tenho uma lista de oração diária”, dentro da Bíblia, no capítulo de Provérbios correspondente ao dia. Desse modo, posso vê-la cada dia. Oro por essas pessoas, antes de ler o meu capítulo de Provérbios. Desse modo, posso estar certo de que vou orar por elas todo dia.

Também oro pelos problemas físicos dos outros, tanto dos amigos como dos conhecidos.

Encontrei um homem na igreja em Toledo, Ohio, que sofre de uma dor no pescoço semelhante a minha. Sempre me lembro de pedir a Deus para aliviar-lhe o sofrimento.

Tenho um amigo que contraiu pólio, quando era criança, e tem usado moletas na maior parte de sua vida. Alguns anos atrás, li que muitas pessoas que contraíram pólio na juventude têm experimentado recaídas, as quais os têm confinado ao leito. Oro, freqüentemente, para que Deus poupe o meu amigo desse destino.

Conheço um homem que tem estado numa cadeira de rodas, desde que foi ferido na Guerra do Vietnã. Sempre tenho orado pelos seus problemas físicos.

Sempre que vejo um estranho seguindo pela estrada, usando moletas ou cadeira de rodas, também peço a Deus para aliviar-lhe o desconforto. Há muitos outros.

Você deve oferecer pelos outros tantas orações quantas recebe. Tenha o cuidado de lembrar-se que não é a única pessoa no mundo a ter problemas. Também lembre-se de que não é a pessoa mais importante do mundo. É apenas uma pessoa insignificante, com um problema que a maior parte do mundo conhece ou com ele não se importa. Você tem um problema que muitos outros, em situação pior do que a sua gostariam de ter, em lugar daquele que o aflige. Não abandone os outros e em seguida espere que eles orem por você. Dê! Dê! Dê! Você vai receber com fartura.

Se você ignora a ajuda espiritual oferecida através da Bíblia e da oração pessoal, certamente não é uma pessoa séria no tocante a receber alívio para a sua dor e tem desprezado as duas maiores fontes de ajuda que Deus tem providenciado em seu favor. Peça ajuda! Leia! Ore!



Um Bom Casamento Ajuda



Um casamento, no qual marido e mulher estão constantemente se agredindo, é uma coisa lamentável. Se você acrescenta a tal situação o estresse mental de estar sofrendo dor constante, isso pode se tornar quase insuportável. Desse modo, você deve se esforçar para tornar o seu casamento o melhor possível.

Minha esposa e eu temos estado perdidamente apaixonados, desde o primeiro encontro. Adoramos a companhia um do outro. Amamos o ministério que Deus nos tem confiado. Amamos os filhos que Deus nos deu. O Senhor nos tem realmente abençoado com uma vida feliz.

A relação conjugal da qual Kathy e eu compartilhamos é por demais importante para que eu possa suportar a minha dor. Posso ter estado sofrendo dor física com meu pescoço quebrado. Mas graças a Deus não tenho sofrido a dor de um coração partido.

A dor física é algo que não se pode evitar, mas a dor conjugal pode ser evitada.

Se você sofre uma dor crônica, deve esforçar-se para tornar o seu casamento muito bom. Deve fazer o possível para tornar sua esposa feliz. Não estou querendo dizer que um homem deve abdicar de sua masculinidade e se transformar num fantoche, somente para garantir a paz familiar. Também não estou dizendo que a mulher deve ser uma abúlica escrava. Estou apenas declarando que você deve ser afeiçoado e gracioso com sua esposa.

Minha esposa é uma mulher tremenda. Ela ama os deveres domésticos, bem como a responsabilidade de educar nossos garotos. Não posso expressar o quanto aprecio seus modos graciosos! Desse modo, faço tudo para agradá-la. Tento ser muito compreensivo quando ela está sofrendo. Procuro pequenos mimos para presenteá-la. Desse modo, tento ser-lhe agradável através de minhas ações.

Você não precisa humilhar-se ou gastar vastas somas de dinheiro para mostrar sua apreciação pela esposa. Palavras ternas e um jantar para dois falam muito mais alto. Lembre-se de tratar sua esposa com o que pode ter influência positiva (no seu casamento), quando estiver sofrendo de algo sobre o que não pode ter uma influência positiva (sua dor).





Capítulo 7



Você Ainda Não Viu Nada



A vida com dor constante e/ou intensa é miserável. Você nunca se sente completamente “bem”. Fica sempre restrito ao que pode fazer. Como se isso não fosse bastante ruim, há aquelas ocasiões em que você acha que vai enlouquecer pelo que os intermináveis ataques de dor causam à sua mente. Essa tende a ser uma vida sem esperança. Contudo, tão ruim quanto nossas dores físicas e desconfortos possam ser, existe algo muito pior. E este é um sofrimento que não se pode evitar.



“Um mau dia de pesca...”



Todos nós temos visto o adesivo que diz: “Um mau dia de pesca é melhor do que um bom dia de trabalho”. Se isso é verdade ou não, tenho minhas dúvidas. Porém sei que “um mau dia convivendo com a dor é melhor do que um bom dia no inferno”.

Você pode passar dias, ou mesmo semanas, sofrendo as conseqüências de um grande trauma físico. Você pode achar que ninguém se importa. Que ninguém compreende o que você está sofrendo. Você pode sentir isso, mesmo sabendo que alguém se preocupa, mas nada existe realmente que possa fazer para ajudá-lo. Você pode acreditar que o seu problema não poderia ser pior. Pois está errado!

Antes que você se perca na desesperança do seu problema, existem coisas que precisa guardar. Se você está sofrendo agora mesmo, provavelmente está fazendo isso num lugar aquecido ou numa sala com ar condicionado. É mais provável que tenha em sua casa alimento para mais de um dia. Provavelmente você conhece alguém que se preocupa com sua necessidade. Esta noite você vai dormir com roupa de cama limpa, na segurança do seu lar. São estas as bênçãos que os americanos podem usufruir simplesmente por viver na América. De fato, se você tem de suportar uma dor não há no mundo um lugar melhor do que este. Mesmo que aconteça de você viver numa nação subdesenvolvida, sem dúvida ainda estará bem melhor agora do que se estivesse no inferno.

Se você sofre de uma dor prolongada, mas não confiou ainda em Jesus Cristo como seu Salvador pessoal, seu verdadeiro sofrimento nem sequer começou! Se você morrer sem Cristo sua alma irá diretamente para o inferno. Será condenado ao tormento, nas chamas deste lugar, por toda a eternidade, sem qualquer possibilidade de alívio. O pior dia de dor que você porventura já tenha experimentado na terra, parecerá um dia de prazer, quando comparado ao inferno.

Qualquer sofrimento físico que você suporta no presente, ainda pode ser acompanhado de “dias bons”. Você terá dias de alegria. Terá férias com a família, ou apenas dias em que não sofrerá tão acerbamente. Não é este o caso do inferno. Se você não gosta do seu desconforto atual, garanto-lhe que vai odiar o inferno. Por outro lado, se está querendo fazer agora um esforço para aliviar a sua dor, por que hesitaria em fazer o que for necessário para evitar o eterno tormento do inferno?



Veja o que o Aguarda



Antes que você possa alimentar qualquer esperança de salvação eterna, precisa conscientizar-se do seu verdadeiro estado espiritual.

A Bíblia nos explica que ninguém merece a vida eterna por sua própria retidão. Romanos 3:23 diz o seguinte: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Isto significa todos! Sem qualquer exceção. Você tenta argumentar com o pregador, o dia inteiro, sobre a boa pessoa que você é, mas bem que conhece os seus pecados secretos. Você sabe que não é realmente bom. Apocalipse 21:8 coloca todos os mentirosos em pé de igualdade com os tímidos, incrédulos, abomináveis, homicidas, fornicadores, feiticeiros e idólatras. Você pode até estar inocente em alguns desses pecados deploráveis, porém sabe que é um mentiroso. Por essa razão o seu destino é o mesmo dos outros, ou seja “...no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”.

É impossível você escapar desse destino, indo à igreja, salvando o meio ambiente ou comparando-se com o seu “hipócrita” favorito. Você está tão condenado como o pior deles. O pior ainda é que a Bíblia destrói qualquer esperança de você conseguir caminhos que possam levá-lo ao céu. Efésios 2:8,9 diz o seguinte: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”. Não há obras que você possa praticar, as quais sejam totalmente suficientes para contrabalançar a malignidade dos seus pecados. Creio que você pode ver que o seu “pequeno” problema no momento, isto é, suportar a dor neste “breve” tempo de vida nada é, comparada à idéia de queimar no inferno por toda a eternidade.

Você pode argumentar o dia inteiro, dizendo que é uma boa pessoa. Pode apresentar sua lista de boas ações como prova disso. Pode afirmar que é melhor do que alguns tele-evangelistas corruptos ou algum pregador de sua cidade. Durante o julgamento Deus nem sequer lhe dará ouvidos. Ele só estará interessado no que você fez com respeito à morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. Ele não tinha pecados. Se você não é tão justo como Jesus Cristo foi, não pode ter esperança alguma de escapar de um destino muito pior do que alguns anos ou décadas de dor.

Sua situação seria completamente sem esperança se não fosse pelo que Jesus falou em João 3:16: ”Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna”. Na 2 Coríntios 5:21 diz: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”. O sofrimento que Jesus Cristo suportou na cruz foi completamente aprovado para cobrir nossos pecados. A Bíblia diz em Romanos 6:23: ”Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”. Quando expirou na cruz, Jesus Cristo pagou todos os pecados da humanidade e ao mesmo tempo adquiriu o dom da vida eterna para cada pessoa neste mundo. Seus e (nossos) pecados foram pagos naquela hora. Você já aceitou Jesus Cristo como seu Salvador pessoal? Se não, por que não?

Existem várias coisas que você precisa fazer, a fim de receber o dom de Deus para a vida eterna:

1. Primeiro você precisa admitir que é um pecador, que merece o inferno. Se você não pode admitir isso, honestamente, pelo menos uma vez na vida, então está com um grande problema.

2. Em seguida, você deve verificar que o sofrimento de Jesus Cristo foi suficiente para apagar todos os seus pecados. Não há coisa alguma nem sofrimento algum de sua parte, quer seja aqui ou depois da morte, que possa acrescentar algo ao que Ele realizou na cruz.

3. Você deve crer que Sua morte, sepultamento e ressurreição (1 Coríntios 15:1-4) aconteceram por sua causa. Lembre-se que Ele está vivo agora mesmo, e assim pode lhe dar a vida eterna.

4. Agora você deve invocá-lo em oração. Você deve orar, admitindo que merece o inferno, e pedir que Ele entre em seu coração e lhe dê o dom da vida eterna (Romanos 10: 9,13).

Isso é o que você precisa fazer, o mais breve possível. Mesmo enquanto está lendo este livro! Simplesmente deixe-o de lado, agora mesmo, e peça a Jesus Cristo para lhe dar a vida eterna. Confie nele. Nele sua alma pode confiar!

Posso assegurar-lhe que se você fez isto, sua dor física pode não ter cessado. E que você continue a sofrer. Você ainda terá dias difíceis a serem atravessados. Porém sua dor eterna será evitada. Talvez você continue sofrendo tanto de um trauma passado, como tem sofrido até agora. Mas agora você já não precisa temer o que lhe acontecerá depois da morte. Você irá direto para o céu, onde passará a eternidade com Jesus Cristo, seu Salvador pessoal. O sofrimento que você suporta agora vai terminar no túmulo e nenhuma dor maior o afligirá. Em vez disso, você estará no céu por toda a eternidade.

Se você prefere rejeitar a oferta de salvação que Deus lhe faz, está se encaminhando para um sofrimento em muito maiores proporções do que qualquer dor que você tenha experimentado nesta vida e esse sofrimento jamais terminará. Quando estiver no inferno, você vai olhar para trás, para os dias em que sofria menos, quase com saudade. Você irá para o inferno e dele jamais sairá. Então verificará que “um mau dia de convivência com a dor é melhor do que um bom dia no inferno”!

Se você não gosta da dor física que possa estar experimentando agora, não seria melhor se livrar daquela eterna dor inevitável? Não seria melhor evitar a dor que experimentará por toda a eternidade? Você talvez não possa fazer coisa alguma para evitar sua dor atual, mas pode se livrar completamente do sofrimento eterno, confiando o futuro de sua alma a Jesus Cristo. Então, você vai fazer isto?



Traduzido por Mary Schultze

27/07/00
> que Sua morte, sepultamento e ressurreição (1 Coríntios 15:1-4) aconteceram por sua causa. Lembre-se que Ele está vivo agora mesmo, e assim pode lhe dar a vida eterna.

4. Agora você deve invocá-lo em oração. Você deve orar, admitindo que merece o inferno, e pedir que Ele entre em seu coração e lhe dê o dom da vida eterna (Romanos 10: 9,13).

Isso é o que você precisa fazer, o mais breve possível. Mesmo enquanto está lendo este livro! Simplesmente deixe-o de lado, agora mesmo, e peça a Jesus Cristo para lhe dar a vida eterna. Confie nele. Nele sua alma pode confiar!

Posso assegurar-lhe que se você fez isto, sua dor física pode não ter cessado. E que você continue a sofrer. Você ainda terá dias difíceis a serem atravessados. Porém sua dor eterna será evitada. Talvez você continue sofrendo tanto de um trauma passado, como tem sofrido até agora. Mas agora você já não precisa temer o que lhe acontecerá depois da morte. Você irá direto para o céu, onde passará a eternidade com Jesus Cristo, seu Salvador pessoal. O sofrimento que você suporta agora vai terminar no túmulo e nenhuma dor maior o afligirá. Em vez disso, você estará no céu por toda a eternidade.

Se você prefere rejeitar a oferta de salvação que Deus lhe faz, está se encaminhando para um sofrimento em muito maiores proporções do que qualquer dor que você tenha experimentado nesta vida e esse sofrimento jamais terminará. Quando estiver no inferno, você vai olhar para trás, para os dias em que sofria menos, quase com saudade. Você irá para o inferno e dele jamais sairá. Então verificará que “um mau dia de convivência com a dor é melhor do que um bom dia no inferno”!

Se você não gosta da dor física que possa estar experimentando agora, não seria melhor se livrar daquela eterna dor inevitável? Não seria melhor evitar a dor que experimentará por toda a eternidade? Você talvez não possa fazer coisa alguma para evitar sua dor atual, mas pode se livrar completamente do sofrimento eterno, confiando o futuro de sua alma a Jesus Cristo. Então, você vai fazer isto?



Traduzido por Mary Schultze

27/07/00

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